quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Anti-História

Certa vez, ouvi uma canção que iniciava com as seguintes palavras: And now the end is near, and so I face the final curtain. As condições de dramaticidade das quais desfrutava no momento em que a dita música me foi apresentada, obstruíram o que tais palavras poderiam me dizer, no mais profundo âmago. De fato, tudo me foi por demais superficial nas primeiras análises daqueles versos. E hoje, posso arriscar dizer o que elas significam interiormente. Não por dedicar algum tempo à reflexão, já que me seria desnecessária, uma vez que estou vivendo no âmago dessas palavras.
Posso, com toda certeza, dizer que o fim não está próximo, eu o ultrapassei, transpus o final de algo que nunca começou. Estou em chamas. Queimo arduamente cada momento, cada gesto. A cada momento, a cada gesto. Enquanto as chamas tremeluzentes correm meu corpo, um prazer vitorioso que transcende os sentimentos flui por dentro de mim, avisando que a profecia que há muito foi feita, e que ainda ecoa através das chamas em meu ouvido hoje, era falha. Queimo prazerosamente, como se eu implorasse pra que isso não parasse, pois eu sei que o final é outro: Eu não me transformarei em cinzas.
O quanto mudei? O quanto isso foi bom? Mudar faz parte de qualquer ser vivente. A vida é uma mutação. No inicio, preparei-me. Expus-me na mais reluzente vitrine, o rosto elevado, focando o céu imponente e azul, esquecendo-me de reparar no chiqueiro ao qual a vitrine estava exposta. E fui consumido.
Por pior que fosse, seria uma história. E aquele era apenas o prelúdio. Da lama à eternidade. E a lama era apenas o capitulo inicial, a parte onde eram apresentados os personagens (Olá, muito prazer) em suas  piores formas (O prazer é todo meu) e suas expectativas quando o final da história chegasse, quando o momento da eternidade fosse iminente. (Seremos amigos para sempre)
Aquele foi um longo primeiro capítulo. Ou um capítulo 1 eterno? Ou vários capítulos idênticos ao primeiro? Ou então uma história com três longos capítulos, tão longos como três anos? Ou uma história sem capítulos, estagnada, talvez? Meu Deus, aquilo chegou a ser uma história? (Não sei responder a nenhuma dessas questões, quem dirá este meu pensamento mais profundo, mais angustiado e indignado.)
Verdade seja dita,  a obstrução intelectual e a estática de perspectiva eram as palavras de ordem. Nasceste entre os porcos? Então permanecerá entre eles até sua morte. E tal pensamento medieval não me atrai, não me seduz, não me doutrina. Procurei salvar-me, e a quem conseguisse levar comigo. Aquilo não era um lugar para seres "racionais". E, na procura insana pelo capítulo final da história, na minha corrida para a glória, feri-me. Por várias e várias vezes o sangue era tudo o que se passava em meus olhos. O meu próprio. Enquanto as feridas ficavam mais profundas à medida que nos afastávamos, o peso da carga que eu levava - o peso de todos aquele que eram dignos de se salvarem - estava sobrecarregando meus ombros. Até que, por fim, sucumbi. 
Quanto tempo fiquei estático no mais impuro solo é algo impreciso. O fato é que flores mortuárias cresciam ao meu redor, alimentadas pelo meu sangue gotejante, fechando-me em um belo e assombroso túmulo amaldiçoado. E, quando a lua pintava-se de rubi, e o sol perdia sua cor e calor, percebi toda a carga que tinha deixado para trás. De fato, elas permaneciam atrás. Intocadas. Perfeitamente normais. Puras em sua impureza. Viviam, como no início do capítulo, em estagnação de pensamentos. 
Sim. Sangrei para isso. Morri por isso. Dei de minhas forças para salva-los de um eterno capítulo, enquanto a conformidade de um capítulo eterno lhes soava mais atrativa, mas confortável.
Então, corri. E, com a paisagem nojenta, também erra borrado à minha visão imagens de suas hipocrisias, da confecção de suas máscaras e da monstruosidade que elas encerravam. E, pela primeira vez, minha vida real se confundiu com um pesadelo. O que era real, o que deixava de ser, já era irrelevante. Acreditava no que via, no que sentia. E o que eu via era o âmago dos seres mais impuros, e o que eu sentia era repulsa, ódio e mágoa por partilhar momentos dos quais esse âmago era muito bem velado.
Mas sentia também alívio. Sentia que, agora, em meu egoísmo, não sangrava mais, tampouco a dor me torturava. E as terríveis flores funerárias me deixaram, o sol voltou a me aquecer e, a Lua, a me guiar até pela mais negra noite. Não reconhecia mais os campos por onde andava. Definitivamente encontrara a eternidade, mas nunca saí do capítulo 1. Pois agora, refletindo durante longos anos (pelo menos é o que me parece) sobre outros tantos anos (já me perco em relação ao tempo, essa variável insignificante) vejo que nunca houve, da parte alheia, evolução. Nunca houve motivação. Nunca houve desenvolvimento. Nunca houve, então, história.
E eu criei a minha. Do meu elevado posto, desci à mais profunda lama, provei do mais amargo fel, senti a mais negra maldição descer sobre mim, e, mesmo assim, alcançei a glória de um fim digno. Alcançei a eternidade, a glória sozinho. Tropeçando no meu egoísmo.
Agora que os dois fatos foram narrados - podemos chamá-los de anti-história e a  história, que se formou a partir da indigna primeira - segue-se a nota de rodapé - na última ou na primeira página, não sei dizer: Eis que pagará por todo o egoísmo. E, quando percebi que não havia um fim nessa anti-história, uma vez que nunca existiu, eis que alcanço o fim de minha história criada.
E, então, queimo.
Queimo meu egoísmo.
Mas eis que, como já foi dito anteriormente, a profecia errara. (Nota: Reclamar com o editor que colocou uma nota de rodapé falsa)
Por que, enquanto queimava, só enquanto as chamas possuíam cada centímetro do meu corpo, foi que percebi que nem todas as pessoas são como as que conheci. Nem todos partilham da podridão que me foi apresentada. Que nem todas partilham da mesma anti-história. Que há pessoas pelas quais vale a pena continuar a narrar, continuar a escrever, continuar a viver sua história. 
Pois termino do modo como começei, salvo um pequeno detalhe: Não estou sozinho. Estou livre.
Que a história começe.

[Fernando M. Minighiti][08.12.2011][23:05]


sábado, 3 de dezembro de 2011

Laços

Você esnoba
Tudo o que um dia já fomos
Você não se importa
Com o futuro que está morrendo
Eu não volto
Para casa por que eu sei que vou
Encontrar o que costumávamos ser
Aos pedaços.

Estaremos juntos juntos de novo
O fim é sempre como o início.
Estaremos mais uma vez unidos
Na precisão desse gatilho?

Laços criados,
Dos nossos segredos e medos
E sorrisos, e abraços
Até o sangue nas veias impuras
Que devem ser derramados
E unificados.

Eu me forço
A aceitar a mudança
Como uma velha amiga
Mesmo sabendo
Que nada e ninguém
Lhe roubará o seu trono
Então eu volto
Em memórias do passado
Em promessas de futuro
E me ponho a recolher
Os pedaços.

Estaremos juntos juntos de novo
O fim é sempre como o início.

Estaremos mais uma vez unidos
Na precisão desse gatilho?

[Fernando M. Minighiti][03.12.2011][23:53]

 
 
"All my nightmares escaped my head
Bar the door, please don't let them in
You were never supposed to leave
Now my head's splitting at the seams
And I don't know if I can
Here, beneath my lungs, I feel your thumbs press into my skin again"

[Welcome Home. Radical Face]





sábado, 26 de novembro de 2011

O Sol

E eis que o Sol surgiu. Criou-se assim, por vontade própria mesmo. Numa solidão quase que arrebatadora, na ausência de alguma intervenção divina, simplesmente apareceu. Percebeu então, em si mesmo, suas próprias proporções magníficas. Era um titã, um colosso. Perfeito em cada forma, em cada ângulo. Imponente, experimentou de suas chamas o calor irresistível. Apreciou suas chamas, suas explosões colossais. Era poderoso e grande como o Deus o que havia esquecido. Quando, por fim, terminou sua primeira auto-avaliação, voltou seus olhos vermelhos para o que via em volta. Era um lugar estranho aquele. Não havia ser algum lá em baixo. Apenas o nada. Percebeu colinas, talvez montanhas. Cursos de rios que se moviam como cobras sinuosas em direção àquelas grandes áreas azuis que cobriam a maior parte daquilo que iluminava. A princípio, sentiu-se sozinho. Para quê viver, aquecer, não havia ninguém a lhe adorar, santificar? Uma vida sem apoteose valia a pena? Valia, o Sol pensou. Ele era grande o suficiente, reluzente o suficiente para precisar de alguma coisa além de si mesmo. E era assim. Era belo.
Anos passaram. Décadas de luz incandescente. Séculos de grandiosidade. Milênios de explosões abrasadoras, da exposição de sua grandiosidade. Quem se aproximava demais de sua auréola incandescente era penalizado com a morte, por que ele estava se sentindo traído, trocado. Renegado: Agora, sua paisagem havia mudado. Não era natural. Os rios já não pareciam cobras a deslizar, não havia mais solidão: Rotas de objetos voadores pousavam em todos os lugares, em todas as construções que haviam feito. Tanta podridão o enojava. Não era para ele. Abusavam de sua energia preciosa para realizar mais e mais atrocidades. Não que as atrocidades que eles cometiam lhe aborrecesse. De modo algum: Seria um favor que eles destruíssem uns aos outros, até não sobrar nada, pedra sobre pedra. Por que qualquer ser vivo que não o adorasse, que não percebesse o quão colossal e imponente ele era, não merecia nada além da morte. Então, ela veio. Ácida como um veneno, mas linda como uma amante. A Chuva não parava de cair um só momento. Cobriu tudo o que o Sol estava acostumado à ver durante sua existência. Toda a imundice estava sendo lavada até à sua alma corrompida. Tudo estava findando.
E então, aconteceu: Através de toda a acidez, o Sol viu a coisa mais bela de todos aqueles anos solitários. Ele viu, além de toda a água que caía sem parar, um enorme arco, quase um círculo perfeito de cores. As mais belas que havia visto. Nem de longe se assemelhava ao cinza das poluições humanas. E ele desejou tê-las para si. Aquilo precisava ser dele, e o Sol percebeu o quão egoísta fora todos os anos de sua vida. Como pôde ousar imaginar que a sua existência estava completa sozinho? Ele não conseguia mais lembrar-se de como conseguiu continuar sua eterna combustão sem aquele círculo de cor ao seu lado, nem conseguiu mias imaginar como seria sua vida sem ele.
Então, se aproximou das cores. Os respingo batiam em toda a sua extensão, e aquilo doía. Quanto mais se aprofundava, mais dor sentia. Mas elas não representavam muita coisa: ele estava perto daquelas cores hipnotizantes, amáveis, sedutoras. Tomou um último impulso e avançou. A dor foi excruciante, toda aquela água a queimar-lhe o próprio fogo. Então, a água virou uma garoa, e a garoa cessou. Seu corpo estava intacto - ainda queimava imponentemente, mas com a garoa foi-se o arco de luz. E ele estava novamente por si só.
Olhou para baixo: A devastação era completa. Toda a impureza havia sido corroída. Por que será que ele não se sentia mais tão imponente? Tão importante? Era ele um ser colossal, auto-suficiente, não deveria ser assim. E então, pela segunda vez em milênio, olhou-se novamente, e fez sua segunda auto-avaliação. Era mesmo colossal, imponente, abrasador e importante perto daquele fulgaz e indescritível círculo de cor?
E o sol percebeu que não poderia mais ser tudo o que um dia foi sem que aquele Arco-Íris fosse seu - por que quando a chuva se foi em garoa, levando o arco para longe de si, o arco levou um pouco dele junto. O gloriosos Sol estava incompleto.
Séculos passaram-se, e a chuva torrencial por vezes retornava. Com ela, a imagem bela. E, em todos esses raros momentos, o Sol se empenhava a alcançá-la. Mas sempre que tocava a grande cortina úmida, sua grandiosidade a fazia cessar, e o Arco-Íris levava cada vez mais uma parte dele.
E o Sol ficava cada vez mais incompleto, pois a cada investida, mais de si perdia, e mais dor era capaz de sentir. Mas ele não percebia isso. A imagem daquilo pelo qual estava apaixonado aliviava todos esses sentimentos. Até mesmo o fato de que ele nunca poderia possuir o que desejava, o que amava.
O tempo passou. Milênios. Mais do que se pode contar, mais do que se pode expressar. Deve ser o fim do mundo, pensou o Sol, pois ele não imaginava mais como aquele pequeníssimo globo que ele sempre iluminou resistiria à mais aquele chuva torrencial que estava caindo. Ele não ligava mais para as atrocidades dos seres que estavam sendo corroídos agora - eles já eram previsíveis - nem com as belas paisagens que também estavam sendo mortas agora injustamente. Ou se quer com o fato de nem um ser que raciocinasse lhe adorasse. Ele já não era mais o que costumava ser. Estava pequeno e não queria ser mais adorado. Há muitos milênio não queria mais ser adorado, mas adorava. Adorava aquele círculo colorido. Estava amando. Estava amando naquele instante, enquanto a Chuva caía, observava o imponente Arco-íris do outro lado. É agora ou nunca, pensou o Sol. E, como sempre fazia, avançou sobre a chuva, para tocar a beleza que ela guardava tão bem por tanto tempo.
Anormalmente, a dor o atingiu mais do que nunca. Sentiu-se diminuir, morrer, apagar. Sentia que cada combustão estava cansada de existir, que cada chama diminuía, junto com seu corpo um dia imponente. Não sentia mais a água lhe queimar, sentia tanto que não sentia mais nada. Estava deixando de existir.
E a última visão do Sol foi aquele Arco-íris que tanto amava, o objeto de sua paixão. Ele enfim estava próximo o suficiente para dizer suas última palavras: Eu toquei a verdadeira felicidade.
E, antes que pudesse dizer o quanto o amava e o quanto o agradecia por lhe fazer perceber que sozinho ele nunca tivera a felicidade plena, tudo escureceu.

[Fernando M. Minighiti][26.11.2011][13:13]


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Anjo (ou Medo, ou Paranóia)

Todo sentimento precisa de um por que para que se torne compreensível. Tudo o que somos hoje é fruto de um passado que explica e nos dá esses "por quês" necessários para a sanidade mental. Acontece que ela não me é concedida, por mais que eu tenha meus álibis. Como posso rir de sua paranóia, se a minha está me esmagando aos pouquinhos? Temo poucas palavras. Por que sinto que alcanço o céu, e a cada dia que passa sinto-me mais como se vivesse um sonho: E essas poucas palavras são aqueles encontrões que tentam me acordar. Não posso comandar seus sentimentos, mas também não posso acordar disso tudo. Sinto que seria demasiadamente doloroso. Eu acredito na vida, sabe. No que estou vivendo. Mas não passo de um doente, paranóico, amaldiçoado por o que já passou, receoso que aconteça de novo, e no receio me afundo em uma necessidade insana de me certificar que estou vivo, que isso é real, que as poucas palavras não significam pouco amor. Você sabe qual é o anjo que está comigo em todos os instantes, incondicionalmente, na minha mente? Sabe que o maior medo é me ver abandonado e ignorado por ele? Será que sabe me dizer o quê estou fazendo de errado em relação ao anjo? Você pode me compreender, pode me decifrar? Pode me perdoar? Pode me acordar se estiver aí fora?

[Fernando M. Minighiti][23.11.2011][8:32]


Todo sentimento
Precisa de um passado pra existir
O amor não:
Ele cria como por um encanto
Um passado que nos cerca,
Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio
Com alguém que a pouco era quase um estranho,
Ele supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica...

[Beijamin Constant]

Além de todo o medo
No desespero velado
O pensamento mais forte persiste
Além da paranóia
O profundo pedido
A súplica oculta
"Não me esqueça
Não me abandone"

[Fernando M. Minighiti][23.11.2011][8:40]


sábado, 19 de novembro de 2011

Perfeição

Minha exelência em transcrever para as palavras tudo o que me atormenta e o que me desafia talvez seja reflexo da minha enorme dificuldade em expressar tudo o que me faz bem. Então saiba que nada será irá me satisfazer. Por que eu quero a perfeição pra você, mesmo sendo imperfeito. Quero lhe escrever um poema - simetricamente impecável, irresistivelmente tocante. Quero lhe dedicar uma prosa, cascatas de palavras parafraseando meus sentimentos. Mas nada que eu começo fica bom o suficiente pra você. Nada é digno de expressar o que sinto. E o que sinto é que nunca conseguirei expressar o quanto você significa para mim, o quanto representa - e o quanto eu desejo insanamente significar para você. Talvez também não consiga dizer o quanto meus pensamentos são seus, ou o quanto você me modificou. O quanto me fez acreditar que mesmo nos momentos mais obscuros há sempre um meio de encontrar uma luz, um meio de conseguir se guiar, um meio de amar. E muito menos que você é a minha mais doce e bela excessão à regra da minha vida. Minha vida. Que é o que a faz funcionar. Que é pelo quê ela ainda funciona. E mesmo sabendo que nunca serei bom o suficiente para expressar essa e outras gamas de infinitos sentimentos misturados, sinto, também, que você deve ter conhecimento deles, que devo expressar. Mas como alcançar a perfeição? Como alcançar o seu nível máximo? Recolho-me, então, e da forma mais perfeita tento transformar da minha imperfeição esse sentimento que preenche um vácuo que há muito me habitava. Amor. Simples assim.

[Fernando M. Minighiti][19.11.2011][2:40AM]

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Melodia

A dama
E o violino
Tocado
Para o pecado.
Ecos na escuridão.
Aprendeu a viver acompanhada
Pela solidão.

Por que estás trilhando tão escuro caminho?
Por que preferes perder-te de si mesma?
Por que não me permite guiar-te para fora?
Ao menos sabe que és minha mais preciosa estrela?

A vida a completa
Com desesperança.
No pico da loucura
Ela suavemente balança.
E ela se entrega
Aos profundos instintos
À doce, negra melodia
Do violino.

Por que estás tão distante?
Por que preferes esta solidão laciante?
Por que sucumbiu ao mundo, esse farsante?
Ao menos sabe que és minha mais preciosa estrela?

[Fernando M. Minighiti][17.11.2011][20:02]



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A segunda opção do meu egoísmo

Ultimamente, tendo a inclinar-me à duas ideias que me parecem bem propícias ao estranho momento: Estou desistindo de lutar, finalmente, ou é a vida que exige cada vez mais do que posso suportar? Creio estar mais próximo da segunda hipótese: Sinto-me cada vez mais próximo dos limites das minhas forças, no limiar de uma estrada que não poderei seguir. Não sozinho. Então escolho. Com aquele sentimento de angústia eterna de o que poderia ter acontecido se as coisas fossem diferentes, se a escolha fosse diferente, eu escolho. Escolho trilhar outro caminho que aparenta ser mais indolor. A questão, então, se resumi nisso, sim? Quase seis anos de vãs lutas? Mais do que nunca provo o gosto amargo de minha autoridade frustrada. Quero colar vocês uns aos outros. Quero os fundir em uma única criatura, terrivelmente bela, e pagar para vê-los tentar se separarem. Mas isso se chama vontade, e vontade significa fugir do meu controle, e fugir do meu controle  significa frustração. Frustração! Comprovo que tudo o que toco se quebra, e que os estilhaços do que um dia já foi quebrado são cada vez menores - difíceis para se cortar, mas inegavelmente mais difíceis de serem remontados. Então desisto (eis então que tomo como resposta à minha primeira pergunta as duas possibilidades). E cedo, quase com alívio, ao egoísmo incrustado em meu mais profundo e descontrolado âmago: Desde que um certo valor pessoal meu permaneça, em cada um, permanecerei. Por mais que morram entre si, mantê-los vivos em mim é o que me mantém. Até que eu tenha algum significado, eu continuarei - mesmo que em um único ser dividido em várias réplicas, várias vertentes essenciais à vida.

[Fernando M. Minighiti][16.11.11][11:13]



Long ago,
Just like the hearse
You die to get in again
We are so far from you

Burning on, just like the match
You strike to incinerate
The lives of everyone you know

Came a time
When every star falls
Brought you to tears again
We are the very hurt you sold
And what's the worst you take
From every heart you break?
And like the blade you stain
Well, I've been holding on tonight

What's the worst that I can say?
Things are better if I stay
So long and goodnight
So long not goodnight
Well, if you carry on this way
Things are better if I stay
So long and goodnight
So long not goodnight

Can you hear me?
Are you near me?
Can we pretend to leave?
And then we'll meet again
When both our cars collide


[Helena. My Chemical Romance]


I never said 
I'd lie and wait forever
If I died we'd be together now
I can't always just forget her
Ever...
Get the feeling that you're never
All alone and I remember now
At the top of my lungs in my arms she dies
She dies
At the end of the world
Or the last thing I see
You are never coming home
Never coming home
Could I? Should I?
And all the things that you never ever told me
And all the smiles that are ever gonna haunt me
Never coming home
Never coming home
Could I? Should I?
And all the wounds that are ever gonna scar me
For all the ghosts that are never gonna catch me
If I fall
If I fall 
Down


[The Ghost Of You. My Chemical Romance]

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Resquícios de ontém

I
A noite expõe
Em cruel destaque
O que a luz do sol
Ofuscava.
O vento aguça
E aflora os batimentos.
Sangue intoxicado
É agora meu legado.
Uma vida venosa.
Rubra, pastosa.
Esquivos, abismos
Do intolerável amor
Ao incontrolável desejo.
Não escrevo meu roteiro.
Tudo se perderá
No romper de uma luz
Demasiadamente pura.

II
O recluso encontra um meio
De ver através da escuridão.
É a vida que ele vê.
A vida que nunca conseguiu tocar.
A ideia que nunca pôde tolerar.
o sangue que nunca pôde estancar.
É o vazio que o preenche.
Escuridão que compreende.
A prata e suave luz
Quebrada pelas grades
O lembra de quão inatingível
O mundo se tornou.
Prisão da mente.
Sentimento consciente.

III
É a vida que lhe escapa
Como água em suas mãos.
O amor que lhe foi negado.
O sofrimento lhe é inalterado
Permanentemente estático
Apenas exposto
Em cruel destaque
Agora que a luz do sol
Não mais o ofusca.


[Fernando M. Minighiti][07.11.2011][8:06]





domingo, 6 de novembro de 2011

Fatos

Arrisco. Como alguém que não tem medo do desconhecido, inclino-me neste abismo de incertezas, de reações inesperadas. Mas de sentimentos tão profundos que dos quais não sou capaz de enxergar o fundo. Queria ser capaz de tocá-los. Controlá-los, dimensionar ao meu gosto, moldar. Gostaria de criar, com eles, uma ponte até você. Mas uma ponte concreta não é feita para se alcançar incertezas. E quantas incertezas você representa. Quanta complexidade você me impõe. Procuro desvendar-te a cada dia que passa. Agarro-me em suas respostas, e crio uma imagem diferente a cada momento. Mas no fim, me pergunto: Não me desvendas? Não é tão óbvio assim? Sim, deve ser óbvio até demais, uma parte de mim pensa, e então me recluso e aguardo o momento propício. Mas os dias continuam sendo os mesmos. Perfeitos - mas ainda sim iguais: A ansiedade, as ondas de tensão, a calmaria, e o medo te dizer a coisa errada. De dizer mais do que devo. Mais do que você deve ouvir. Se você, pelo menos, me desse sinais claros, se fosse menos difícil de entender, talvez fosse mais fácil. Mas a culpe jamais será sua. Então, caio em contradição - ou, pelo menos, consigo discernir melhor o que se passa. Arrisco em sentir. Ouso em nutrir algo impossível, intangível. Mas guardo todas as formas de expressão pelo receio da perda. E esse é o vento que me traz de volta o equilíbrio à beira do abismo, e me fazem focalizar apenas a distância intransponível entre nós dois. Porque, para uns, um mês não significa nada. Para mim, já significa muito. E, então, fecho minha conta e realizo o meu saldo: O amor é uma dádiva que me foi dada. Amor correspondido é uma da qual, pelo que parece, não sou merecedor. É um trem que nunca irá parar para meu embarque. É uma ausência que faz meu coração bater fora do compasso. Apenas fraquejo sobre meus joelhos e contemplo as estrelas, como se elas pudessem saber o que sinto. O meu destino. Correspondência sempre negada. Por que?

[Fernando M. Minighiti][06.11.2011][22:47]


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pequena nota

E eis que venho desmentir meus próprios escritos anteriores, direito esse apenas de grandes autores que me seria negado, se não fosse pela minha alma aspirante a escritora. Não pode haver amor nem sentimentos hoje, por que nunca existirá em todos os amanhãs restantes. Não haverá encontros. Não haverá a vista da escrita. Não haverá aquele momentos constrangedor de gagueira ao vivo... por que me parece que esse dia é algo impossível. Embora eu odeie assumir que, enquanto escrevo essas palavras, estou sentindo sua falta. Que cada vez que vejo a janela aqui em baixo piscar, desejo que seja você. Mas não é. Então, deixe-me matar esse sentimento recém-nascido. Deixe-me esculpir a escultura da minha solidão eterna.

[Fernando M. Minighiti][02.11.2011][19:02]


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um poema sem sentido (ou Imprudência)

Todos os dias ele caminha
Ele anda como se fosse te encontrar
Essa espera, essa esperança
Falta de confiança
São suas aliadas.
Ele espera, e ele se pergunta
Como é sua voz
E como é te observar.
Todos os dias ele reclama
Se desespera e se acalma
Por que tudo esta errado.
O passado é passado
O presente deve ser diferente.
Não deve?
E esse não ser
É que o tira de si.
O medo de se perder
O medo de se sangrar
E ver a vida passar
E com ela, você.
Mas mesmo assim
Ele tenta se convencer
Mesmo sem sucesso
Que mais vale excesso que falta
E assim ama.
Excessivamente.
Imprudentemente.
Impulsiva e indevidamente.
Pois cada dia pode ser o dia.
De um encontro.
De um sorriso.
De um amigo.
Não digital.
Vivo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

De outras autorias XIX

Vire-se
Se você puder me dar uma copo
De água pois meus lábios estão rachados e desbotados
Chame minha tia Maria
Ajude ela a juntar todas as minhas coisas
E me enterre em todas as minhas cores favoritas
Minhas irmãs e meus irmãos imóveis
Eu não irei te beijar
Pois a parte mais difícil disto,
É deixar você.
Agora vire-se
Pois eu estou terrível apenas de ver
Porque todo meu cabelo abandonou todo meu corpo
Oh minha agonia!
Saber que eu nunca me casarei
Eu só estou agonizado da quimioterapia
Mas contando os dias para ir
Isto simplesmente não é viver
E eu só espero que você saiba
Que se você disser
Adeus hoje
Eu pediria que você fosse sincera
Pois a parte mais difícil disso,
É deixar você.
[Cancer. My Chemical Romance]

Agora venha um, venham todos para este trágico incidente. Apague o que foi pintado, o que está em desespero. Então derrube sobre o vestido preto, misture com a sorte: Você pode acordar e perceber que é alguém que não é. Se você olha no espelho e não gosta do que vê, você pode verificar imediatamente o que é ser como eu. Então junte por todo lado a sujeira e beije esta despedida. Eu encorajo seus sorrisos, e espero que você não chore! Mais um machucado, minha cadeira funerária. Aqui está minha renúncia, eu servirei travestido. Você tem um assento na primeira fila do baile de minha penitência, mas quando eu acordar eu quero ser de tudo nada. Venha... Eu disse salve-me: Tire-me desse inferno para longe daqui! Salve-me: Jovem demais para morrer, e eu desafio! Você não pode me salvar... Se você pode me ouvir, vá embora.
[The End. My Chemical Romance]

I can feel the night beginning, separate me from the living. Understanding me after all I've seen. Piecing every thought together; Find the words to make me better. If I only knew how to pull myself apart... All that I'm living for, all that I'm dying for, all that I can't ignore alone at night... All that I'm wanted for, although I wanted more. Lock the last open door: My ghosts are gaining on me. I believe that dreams are sacred, take my darkest fears and play them: Like a lullaby, like a reason why, like a play of my obsessions, make me understand the lesson. So I'll find myself, so I won't be lost again. Guess I thought I'd have to change the world to make you see me, to be the one... I could have run forever, but how far would I have come without mourning your love? Should it hurt to love you? Should it feel like I do? Should I lock the last open door? My ghosts are gaining on me.

[All That I'm Living For. Evanescence]


I'm not afraid. I push through the pain. And I'm on fire: I remember how to breathe again. As much as it hurts ain't it wonderful to feel? So go on and bring your wings... Follow your heart till it bleeds... As we run towards the end of the dream. Why must we fall apart to understand how to fly? I will find a way even without wings.
[End Of The Dream. Evanescence]

It's too late to change your mind. Even though this fragile world is tearing apart at the seams. I can't wash these sins away; this sinking feeling every day I'm waking up in someone else's life. Not gonna let this day go by, I'm gonna save this wasted life and nothing can stand in my way! Not enough to say goodbye. Burn it till there's nothing left, I'm drowning in the mess that I have made... Is it so hard for you? Cause it's so hard for me... To believe that we dreamed could ever come to life again, 'cause I cannot erase this darkness in me. The water's rising around us, there is no other way down. I only have myself to blame for it all. If I could just erase my mind... But I cannot erase this lie.
[Erase This. Evanescence]

Eu tirei seus sorrisos e fiz deles meus. Eu vendi minha alma apenas para esconder a luz. E agora vejo o que eu realmente sou: Um ladrão, um prostituto e um mentiroso. Sou entorpecido para você: Entorpecido, surdo e cego. Você me deu tudo, menos o motivo disso... E eu lhe alcanço, mas eu sinto apenas o ar na noite: Não é você, nem é o amor. É apenas nada. Tento esquecer você, mas sem você, não sinto nada. Não deixe-me aqui, sozinho, eu não consigo respirar. Eu corro para você, para longe deste inferno. Chamo o seu nome, desistindo, entregando os pontos. Eu vejo você lá - Você ainda está - mas está tão longe...
[Farther Away. Evanescence]

Everything is so dark, and I know there's something wrong but I can't turn the light on. In that split second change, when you knew we couldn't hold on, I realized I lived to love you. I won't give up on you. I can feel you in my heart just show me the way, I don't belong here, alone. I can still see your face, where it's burned into my mind. I die every time I close my eyes you're always there. All across the ocean we are calling: Are you there? Nothing left for me 'till I find you because it's all gone. The only world I've ever known sleeps beneath the waves, but I'm the one who's drowning. Without your love I am lost and I can never go back.
[Never Go Back. Evanescence]

Closing your eyes to disappear
You pray your dreams will leave you here
But still you wake and know the truth
No one's there
[My Last Breath. Evanescence]




Come to bed, don't make me sleep alone.
Couldn't hide the emptiness you let it show
Never wanted it to be so cold
Just didn't drink enough to say you love me
Don't want to let it lay me down this time
Drown my will to fly
Here in the darkness I know myself
Can't break free until I let it go, let me go
Darling, I forgive you after all
Anything is better than to be alone
And in the end I guess I had to fall
Always find my place among the ashes
I can't hold on to me
Wonder what's wrong with me
Lithium - don't want to lock me up inside
Lithium - don't want forget how it feels without
Lithium - stay in love with my sorrow
Oh I'm gonna let it go

[Lithium. Evanescence]
Eu estive acreditando em algo tão distante
Como se eu fosse humano
E eu estive negando esse sentimento de falta de esperança
Em mim, em mim.
Todas as promessas que fiz
Só para deixar você para baixo
Você acreditou em mim mas eu estou despedaçado
Eu nãotenho nada agora
E tudo o que eu sinto é esse querer cruel
Nós estivemos caindo por todo esse tempo
E agora estou perdido no paraíso
Embora eu gostasse que o passado não existisse
Ele ainda existe
E em bora eu gostasse de sentir
Que pertenço a esse lugar
Eu estou tão assustado quanto você
Fuja, fuja
Um dia nós não sentiremos mais essa dor
Tire todas as sombras de seu caminho
Porque elas não vão me deixar ir
Eu não tenho nada agora
E tudo o que sinto é essa vontade cruel
Temos caído por todo esse tempo
E agora estou perdido no paraíso.
[Lost In Paradise. Evanescence]

A casa

O mundo gira, e nós estamos parados
Fantasmas de um já longínquo passado
Não há nada para fazer
A não ser continuar a se perder.

Felicidade é algo relativo
Fonte do meu campo imaginativo
Nem tudo o que é bom para mim
Pode ser para você.

Nós encontramos a casa quando tudo isso queima.

Através das cinzas em minha mente
Aprendendo os motivos do adeus
Nem tudo o que é vivo é tão real assim.

Nunca mais soube encontrar a porta
Como se acreditasse que alguém se importa
Junte seu isqueiro ao meu querosene
Por que

Nós só encontraremos a casa quando tudo isso queimar

Através das cinzas em minha mente
Aprendendo os motivos do adeus
Nem tudo que é vivo é tão real assim
Pelas cinzas em minha mente
Desvendando o outro lado do adeus
Nem tudo o que eu acredito precisa ser real.

Você pode até dizer
Que tudo não passa de um pesadelo.
Mas saiba que não podemos acordar
Das coisas que já são reais.

Morra através das cinzas em minha mente
Aprendendo os motivos do adeus
Nem tudo que é vivo é tão real assim
Pelas cinzas em minha mente
Desvendando o outro lado do adeus
Nem tudo o que eu acredito precisa ser real.

[Fernando M. minighiti][25.10.2011][19:10]

Trapaça

De volta
Estou no caminho de volta.
Através da dor
E aprendendo a enxergar novamente.

Me desculpe.
Não sou o que imaginava.
Mas não há mais como viver
Usando essa máscara.
Eu sou uma trapaça.

Acabado
Agora, tudo está acabado
Quando olho pra você
Sinto que deveria lhe dizer:

"Me desculpe
Não sou o que imaginava
Estou vivendo além
De todas as máscaras"

Eu estava tão longe de casa
Quando eu percebi
pelo quê eu tenho vivido
Mas não é um fiapo de tempo
Que me mantém aqui
É uma estranha
Eternidade.

Me desculpe
Não tente me entender
Eu estou mesmo além
Do meu próprio compreender

Pior do que imagina,
Eu sou uma trapaça.

[Fernando M. Minighiti][25.10.2011][20:44]



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Antena (Uma tentativa de crônica)

Conheci alguém. Claro, esse alguém não me conhece. Entretanto, nos vemos todas as sextas feiras. Conheço bem seus olhos miúdos, sua postura despojada. A sua (quase) ausência de queixo. É pessoa reservada, taciturna, embora sorri quando conversa com pessoas que conhece. Conheço seus trejeitos, suas manias. É pessoa detentora de um lindo cabelo, mesmo que não muito valorizado, mas ainda sim lindo. Mas voltemos aos fatos captados por mim - quase uma antena de sinais que nunca funcionarão na prática: Da pessoa conheço o pai, conheço a mãe: Embora intimidadora, é belíssima como a cria sua. Figura inspiradora, inspira respeito. Poderia ser um diálogo de novela quando conversamos - digo, se um dia viermos a compartilhar de uma mesma conversa. Dessa pessoa, conheço até a irmã mais nova e a avó. Veja bem, sei até que essa pessoa se chama F*******. Ultimamente, descobri como é sua voz. E ela é linda como tudo o mais que possui. Essa pessoa, entretanto, não sabe que eu existo. Isso não me aflige tanto, é verdade, mas é inquietante o fato de eu me interessar tanto por uma  pessoa e essa mesma não saber nem mesmo meu nome.
Mas, a não ser que muito me engano, acabo de prender-me em minha própria armadilha - a inerte esperança, a admiração oculta, o melodrama encarnado. Pois só com mais dor sou capaz de ultrapassar a dor.
Acelero a escrita. Outra sexta feira está surgindo.

[Fernando M. Minighiti][10.10.2011][22:13]


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Perceba

Tudo o que eu tenho
É algo tão obscuro
E profundo
Que não há mais como evitar

Tudo o que me restou
É algo tão depressivo
Mas como é que eu posso
Negar a mim mesmo?

Quebre o hoje.
Esmague o futuro.
Diga que eu sou tão mau quanto

Seus sonhos ruins
Que sempre aparecem quando você
Pensa em mim, sozinha, à noite.
Perceba que eu não sou nada.

 Tudo o que me atrai
É essa solidão
Que aos poucos preenche
O pouco que restou do meu
Coração.

Tudo o que eu digo e faço
Dissolve-se na contradição
Vivo numa corda bamba
Entre o sim e o não.

Quebre o hoje.
Esmague o futuro.
Diga que eu sou tão mal quanto

Seus sonhos ruins
Que sempre aparecem quando você
Pensa em mim, sozinha, à noite
Perceba que eu sou só
Uma imagem
Gerada pelas necessidades
de sua mente alternada.
Perceba que eu não sou nada.
Ah, perceba que para você não poderei ser nada.

[Fernando M. Minighiti][06.10.2011][18:47]







segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Esforço

Quando o mundo dá voltas
E te tira do caminho.
Quando você força um sorriso
Mas se sente sozinho.
Quando tudo o que você tem
Está ficando para trás
Não os deixe ir.
Quando o vento sopra
A sua volta.
Quando você sofreu tanto
E já nem se importa.
Quando o que te fortalece
São apenas memórias
Torne-as reais.
Irei eternizar a todos nós
Para nos proteger do mundo atroz.
E tentar
Fazer isso sobreviver.
Não vou deixar
Isso morrer.

[Fernando M. Minighiti][25.09.2011][14:07]



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Noite

Mistério oculto
Na noite gelada.
Sangue escorrendo
Pela veia quebrada.

Sinta o calor
Do seu coração
Esqueça o frio
Da solidão.

Nada mais
Pode tentar
Me derrubar; não mais.
Essa noite eu sou eu.
Sou você.
Não sou ninguém.

Tranque a porta.
Não cogite parar.
O desespero
Ficou para trás.

Sinta a mudança
Que eu vivo.
Mude o padrão
Do que eu respiro.

Vá e tente
Me derrube
Não sou quem costumava ser.
Você me fez bem
Você me fez ir
Mais além.
Mais além, além.

Essa noite
Eu não sou mais
Quem eu costumava ser.
Hoje eu sei
Pelo quê
Vale a pena sofrer.

Nada mais
Pode tentar
Me derrubar, não mais.
Essa noite eu sou eu.
Sou você.
Não sou ninguém.

[Fernando M. Minighiti][19.09.2011][9:17]








terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mea Culpa

Hoje a noite estava fria. Poderia muito bem me agasalhar - o casaco estava dentro da pesada bolsa que eu não queria trocar de lado, por mais que meu ombro esquerdo protestasse. Poderia muito bem ter pedido à ela um guara-chuva emprestado, mas preferi sentir a garoa fria no meu rosto. Não me importava. Nem para os comentários ao passar. "Deus abençoe a vida desse garoto". Dane-se. Aos poucos - meados da metade do caminho - meu corpo não estava molhado, mas úmido. O vento batia junto com as goticulas de água, o que tornava tudo mais gelado. Tremia. Minha camisa fina por cima da camiseta vermelha era agitada pelo vento, mas eu até que gostava do efeito. Senti um doloroso prazer em tremer de frio. Em me auto-punir. Nada vai mudar, eu sei, mas não podia sair ileso das coisas que andei fazendo. O que eu fiz contigo, meu amigo? Transformei-lhe numa pilha de nervos, invadi sua paz apenas para atormentá-lo e galgar meu objetivo! "Egoísta" não chega nem perto do que fui nesses ultímos quatro meses. Desalmado talvez seja um termo melhor. Joguei sujo. Implorei atenção à todo custo, sem me importar com as consequências. Com as vítimas. Cada gota que gelava meu rosto era um pagamento por tudo o que lhe fiz. Por que desculpas não é o suficiente. O que devo fazer? O que devo dizer? Diga - eu farei. Qualquer coisa. Qualquer coisa para vê-lo de novo verdadeiramente feliz. Para tirar a angústia do seu peito. Para conscertar todos esses meus erros. Para secar suas lágrimas. Deixe-me ajudá-lo. Deixe-me conduzi-lo para fora deste labirinto. Deixe tirá-lo desse pesadelo que eu mesmo criei, são e salvo! Integralmente! Moralmente! Perfeito, e sem se deturpar, do mesmo modo que você sempre foi. Do mesmo modo que eu espero que você sempre seja: Perfeito e sem se deixar deturpar por mentes menores, inferiores, mesquinhas e sujas.

[Fernando M. Minighiti][06.09.2011][21:54]

domingo, 4 de setembro de 2011

Olhos vermelhos

E se eu tivesse o dom
de encerrar tudo esta noite?
E se eu fosse capaz
de enterrar tudo e não me importar?
E se eu pudesse me fazer
esquecer?
E se eu pudesse lhe fazer
ceder?
Mesmo assim eu faria?

A noite chega e com ela me traz
Todos os devaneios daqueles olhos vermelhos
De luxuria escondida eu desço até
O mais profundo desejo

Às vezes eu não quero ser eu
E as vezes eu quero o meu enterro
Para esquecer
O quanto eu sou
Sujo por dentro
Alguém lave minha alma
Antes que eu não possa mais tentar
Antes que eu me esqueça
Pelo que vale a pena lutar.

Eu quero tocar
A sua mente e te fazer ficar.
Tentar.
Falar.
Te fazer tentar.
E então podemos nunca mais...

E agora está no fim
A esperança é apenas um sacrifico.
Há algo que ela não diz
Para não deixar o ar rarefeito

Alguém mate meus desejos!
Alguém queime o sofrimento
Não sem antes delinear
Meus olhos como os seus - vermelhos
Alguém seja o meu cúmplice
Alguém divida minha dor
Alguém te faça tentar!
E alguém me faça mudar!

Eu quero tocar
A sua mente e te fazer ficar.
Tentar.
Falar.
Te fazer tentar.
E então eu poderia enfim parar.

[Fernando M. Minighiti][04.09.2011][22:27]





quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Orgulho ferido

Há certas coisas que são passageiras; e agora está tudo acabado. Como você se sente agora olhando o passado? Percebeste, enfim, o quanto perdeu? Sentiu o gosto do veneno que eu provava diariamente; todos os dias uma tormenta, uma agonia, uma morte diferente. Todos os dias uma luta em busca de reconhecimento, de aceitação, e encontrando contentamento em migalhas. Como se sente agora? Agora que aprendeu o real significado do amor, de se dar valor, como se sente? Devo me alegrar pelo fato de finalmente ter feito você aprender, você entender, mesmo que tarde demais, o quanto eu me importava? O quanto eu amava? Não. Entretanto, não posso mais lhe proteger. Quero que sinta o sangue escorrer, como senti. Quero que sinta o que é ser negado, como fui. Quero que saiba como é ser a segunda opção, o segundo colocado, ofuscado pelo plano principal. Quero que sofra um décimo do que sofri. Quero que sinta o gosto amargo que me fizeste provar. Quero que saiba todos os pesadelos que tive. Que sinta toda a dor que senti. Que perca tudo o que perdi. Quero que se contente com migalhas. Quero ver humilhação em seus olhos ao implorar atenção. Tudo isso eu vivi, eu senti. Acredite: doerá muito mais a mim. Mais do que ninguém - mais do que você, eu sabia que tinhas tudo na mão e que, conscientemente jogou tudo ao alto. Agora, que inicie a tarefa de procurar todos os pedaços dos teus sonhos destruídos por você mesma, e que agora estão quebrados em pedaços espalhados pelo vento. Até lá, que você aprenda com a sua própria história, para que ninguém mais passe por o que passei e pelo o que você passa. Pelo que irá passar. Pois tudo passará.

[Fernando M. Minighiti][31.08.2011][18:49]



terça-feira, 30 de agosto de 2011

De outras autorias XVIII

When the lights go out Will you take me with you?
And carry all this broken bone
Through six years down in crowded rooms
and highways I call home
Is something I can't know till now
Till you picked me off the ground
With brick in hand, your lip gloss smile
Your scraped up knees
Terrified of what I'd be
As a kid from what I'd seen
Every single day when people try
And put the pieces back together
Just to smash them down
Turn my headphones up real loud
I don't think I need them now
'Cause you stopped the noise
And if you stay I would even wait all night
Or until my heart explodes
How long?
Until we find our way in the dark and out of harm
You can run away with me
Anytime you want
Don't walk away
Cause if you stay I would even wait all night
Or until my heart explodes
How long?
Until we find our way in the dark and out of harm
You can run away with me
You can write it on your arm
You can run away with me
Anytime you want.

[Summertime. My Chemical Romance]

You belong to me
My snow white queen
There's nowhere to run
So lets just get it over
Soon I know you'll see
You're just like me
Don't scream anymore my love
Cause all I want is you

[Snow White Queen. Evanescence]


Sob o seu encanto novamente
Eu não consigo te dizer não
Deseje meu coração e ele estará sangrando em sua mão
Eu não consigo te dizer não
Não deveria ter te deixado me torturar tão docilmente
Agora eu não consigo acordar deste sonho
Eu não consigo respirar mas me sinto bom o bastante
Me sinto bom o bastante para você
Beba desta doce decadência
Eu não consigo te dizer não
E eu me perdi completamente e não me importo
Eu não consigo te dizer não
Não deveria ter te deixado me conquistar por completo
Agora eu não consigo acordar deste sonho
Não posso acreditar que me sinto bom o bastante
Me sinto bom o bastante
Demorou muito, mas me sinto bem
E eu ainda estou esperando pela chuva a cair
Derramar vida real sobre mim
Porque não consigo me apegar a algo tão bom assim
Eu sou bom o bastante para você me amar também?
Só tome cuidado com o que você me pede
Porque eu não consigo dizer não.

[Good Enough. Evanescence]

I sense there's something in the wind
That feels like tragedy's at hand
And though I'd like to stand by him
Can't shake this feeling that I have
The worst is just around the bend
And does he notice my feelings for him?
And will he see how much he means to me?
I think it's not to be
What will become of my dear friend?
Where will his actions leaves us then?
Although I'd like to join the crowd
In their enthusiastic cloud
Try as I may, it doesn't last
And will we ever end up together?
No I think not, it's never to become
For I am not the one

[Sally's Song. The Nightmare Before Christimans.]

Eu tenho medo do mundo
Eu tenho medo do que pode
Acontecer
Eu tô cansado de tudo
De tanto lutar e nunca vencer
A raiva que eu sinto
Vem das coisas que nós
Sabemos de cor
Quando eu vejo seu rosto
Eu quero ser melhor
Eu sou o rei da derrota
E me sinto pequeno
Aqui no meu trono
A dor do fracasso
Podia ser muito maior
Se eu não tivesse você
Pra me fazer
Melhor

[Melhor. Capital Inicial.]

Eu sempre quero mais que ontem
Eu sempre quero mais que hoje
Eu sempre quero mais do que eu posso ter
Mais do que palavras
Mais do que promessas
Mais do que o mundo pode me dar

[Mais. Capital Inicial]

There ain't no reason you and me should be alone tonight
Yeah baby, tonight yeah baby
But I got a reason that you-hoo should take me home tonight
I need a man that thinks it right when it's so wrong
Tonight yeah baby
Right on the limit's where we know we both belong tonight
Another shot before we kiss the other side tonight
Yeah baby, tonight yeah baby
I'm on the edge of something final we call life tonight
Alright!
Put on your shades 'cause I'll be dancing in the flames tonight
Yeah baby, tonight yeah baby
It isn't hell if everybody knows my name tonight
Alright!
It's hot to feel the rush
To brush the dangerous
I'm gonna run right to
To the edge with you
Where we can both fall far in love
I'm on the edge of glory
And I'm hangin' on a moment of truth
I'm on the edge of glory
And I'm hangin' on a moment with you
I'm on the edge
The edge, the edge, the edge
The edge, the edge, the edge
I'm on the edge of glory
And I'm hangin' on a moment with you
I'm on the edge with you

[The Edge of Glory. Lady Gaga]


C'est le malaise du moment
L'épidémie qui s'étend
La fête est finie on descend
Les pensées qui glacent la raison
Paupières baissées, visage gris
Surgissent les fantômes de notre lit
On ouvre le loquet de la grille
Du taudis qu'on appelle maison
Sommes nous les jouets du destin
Souviens toi des moments divins
Planants, éclatés au matin
Et maintenant nous sommes tout seul
Perdus les rêves de s'aimer
Le temps où on avait rien fait
Il nous reste toute une vie pour pleurer
Et maintenant nous sommes tout seul.
Protect me from what I want.
Protect me.
Protège moi.

[Protège Moi. Placebo]







sábado, 27 de agosto de 2011

Luzes

Quem parou as luzes?
Eu quero os lasers
O preto e o branco
O esconderijo e a verdade.
Quero o barulho
Que faz eu me esquecer
E lembrar de você.

Quem escondeu os vinhos?
E onde você estava noite passada?
Te quero bem, te quero alegre.
Sentir a batida do seu coração
Em meio à multidão.
Ter-te, sem motivo ou explicação.
Só uma noite sem "não"

Por que fechar os olhos?
Estou tão vidrado
Que me deitar parece besteira.
Quero o sim e não quero o não.
Um só dia ceder à tentação
Da batida do seu coração
Na tremeluzente multidão.

[Fernando M. Minighiti][27.08.2011][05:27 a.m.]


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Perdão (Uma análise do que andei fazendo)

Basta.
Longe demais arrisquei-me a chegar.
A ousadia sem limites
Foi um veneno nas minhas entranhas.
Percorri terrenos em que, são, não percorreria.
E agora tudo aqui está em carne viva
Pulsando. Vivendo, ainda.

Vermelha era minha tola esperança,
Natimorta no útero deformado
Do meu desesperado coração.
Indigna, imprecisa.
Forte, latente.
Mas agora está aprisionada,
Para que não estrague o caminho à frente.

Por mais que ela ainda viva
Acuada, medrosa e escondida
Será escondida toda a sua vida.
Será um coração dentro de meu coração.
Algo sóbrio, silencioso
Que esperará, sem esperança, mas sempre ansioso,
Mesmo sabendo que a espera será somente uma espera.

Perdoe-me! Perdoe-me!
Meu egoísmo te sufoca.
Te afronta, impiedosamente te explora.
Esta é a minha culpa.
Aqui é minha rendição.
E espero eu mesmo poder cicatrizar-te
E assim redimir-me, então.

[Fernando M. Minighiti][19.08.2011][18:58]


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Incêndio.

Sinto-me beirando a perdição. A diferença agora é que eu sei que estou são. Lúcido. Isso torna as coisas muito piores. A sensação de desnorteamento se intensifica, como uma névoa densa que impede a visão do que o próximo passo aguarda. E isso é torturante. Saber que você estava perto demais do fim de todas as suas dúvidas, mas que estava cego demais para notar todos os mais discretos sinais, atordoa-me. Quero voltar no tempo. Quero fazer o Tic-tac virar Tac-tic. Quero torcer os fatos aos meus desejos. Quero moldar minha vida, e as de quem estão perto o suficiente de mim. Quero correr os mínimos riscos, mesmo sabendo que somos muito  mais que isso. Não posso fazer essa brasa se intensificar, mas também não posso deixá-la desaparecer. Ela é minha esperança proibida. Quero um incêndio. Sim, um incêndio, porém controlado. Quero o proibido. Quero a tentação. Quero tentar, em quaisquer sentidos da palavra. Entretanto, não quero nada extraordinário. Quero respostas - simples assim. Quero atos. Quero um dia, talvez dois. Não quero a eternidade. Não quero um amor. Quero resolver questões. Mas não quero ferir a nada, a ninguém. Estas são as últimas linhas detalhadas e claras. A última espoxição de meu ponto de vista lamentavelmente parcial e tendencioso. Entretanto, por muito tempo, habituei-me a me contentar com o pouco que conseguia. Se esse não for um momento em que eu finalmente conseguirei um pouquinho mais, respirarei fundo. Não será a primeira vez. Carregar essa dúvida por mais algum tempo será a solução, então, para o bem maior: A felicidade e o bem estar da convivência de dois, três e quatro vidas que espero estarem irremediavelmente interligadas.

[Fernando M. Minighiti][17.08.2011][21:55]


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Consequência do desespero

Julgue-me, não lhe impedirei.
As cartas estão à mesa
E meu sangue profuso goteja
Dolorosamente verdadeiro.

Posso até prever nitidamente
O choque em seus olhos.
A última coisa que queria era vê-los assim.
Mas pago as consequências pelo que fiz.

Acontece que você é minha doença
E minha cura, também.
É a chave da insanidade
Sem a qual não sei viver.

Ver-te assim me angustia
E me assusta. Há algo que posso fazer?
Perdoe-me. Honestamente
Não sei como isso foi acontecer.

Peço-lhe que nunca se deixe macular
Como eu um dia deixei.
Lhe imploro que permaneça sempre inteiro
Por que o meu lugar é o desespero.

[Fernando M. Minighiti][08.08.2011][09.09]


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Análise

Eu sou o Sol que se põe.
Sou a caveira que sobrou.
Vocês são brilhantes, felizes. Você é completo.
Eu sou a metade.
O meio sentimento.
O quase feliz.
O limiar da loucura.
Sou o oposto do sorriso,
sou a vida pacata.
Sou a conformidade encarnada.
A infelicidade humana.
Sou de poucas palavras.
O senhor do medo.
Aliado do segredo.
Sou o sangramento.
Sou o impossível estancamento.
Sou a ferida, a hemorragia.
Sou doença.
A morte.
Eu sou o desespero.
Sou a solidão.
Sou o enterro da esperança.
Sou insegurança.
Eu sou a noite sem estrelas.
Sou a lua sem brilho.
Eu sou o fim do caminho.
Sou alguém perdido.
Sou sinonimo de desperdício,
o anti socialismo.
Sou a saudade.
Sou ansiedade.
Eu sou o anormal.
Sou o lado mau.
Anti-filosofia,
Vivo da nostalgia.
Sou tristeza.
Sou o desejo.
Eu sou a fraqueza que desalenta.
Eu sou o órfão,
sou carente.
Sou doente.
Vivo maquinalmente.

[Fernando M. Minighiti][05.08.2011][18:22]


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Depois de tudo

Então, a questão se resumi nisso, não? Os últimos três anos foram uma mentira e um desperdício quase completos. Depositei minha fé nas pessoas erradas. Sofri inutilmente. Trilhei caminhos tortuosos que me levaram a lugar algum. Amei quem não merecia ser amada, ajudei quem queria permanecer inalterado. Tentei, infantilmente, encontrar em outros a falta que sinto aqui dentro, quase sólida em meu peito. Não me orgulho de minha tolice: Cada um é cada um, e o que eu tenho de melhor em mim são as lembranças. Nada pode equiparar-se à sua magnitude. Nada, nem ninguém. Hoje, até quem eu acreditava ter o mínimo de dignidade e humanidade provou-me sua inferioridade. Não me surpreendo, como me surpreendia. Não tento acreditar que é diferente, como tentava. Simplesmente é assim. É triste. É a vida. Aos poucos, uma a uma, máscaras partem-se em pedaços pequenos demais para serem refeitas. É irônico que as únicas pessoas que nunca me deixaram sentir sozinho não estejam sempre comigo. Entretanto, sua influência é tamanha que, apenas a perspectiva de vê-los qualquer dia desses já me basta para acordar e enfrentar todos esses dias sozinho. Apenas nossas memórias já me bastam para sorrir. Saber que vocês existem me é suficiente para fazer-me continuar. Afinal de contas, o que significa quatro meses se comparados a dois anos e meio de separação? Breve, muito em breve, tudo vai mudar. Esses dias obscuros serão, enfim, esquecidos. E, quando o nosso passado tornar-se o nosso futuro, olharei naqueles três pares de olhos que nunca me deixaram, e murmurarei, do fundo de minha alma: "Muito obrigado".

One day the night is ending. It was only an eclipse, and now the sun will reign again. Everything will be fine.
 
[Fernando M. Minighiti][04.08.2011][12:40]

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Retrato

Guardo sua foto. Ela supre a falta que eu sinto aqui dentro. Falta de alguém. Falta de você. Seu rosto, ainda que inanimado, preenche em mim o que nao fui capaz que encontrar sozinho. Olho para sua foto intensamente: Quem sabe você aparece bem do meu lado assim que desviar o olhar. Se eu desviar... Mesmo ainda que em papel, sua fisionomia me ofusca. Mas me sinto abençoadamente bem: Enfim consigo sustentar o seu olhar. Como um ser inanimado pode me fazer sentir vivo? Como posso me perder em sentimentos, fitando apenas uma fotografia? E como posso, ao passo que me sinto bem, sentir essa angustia interna? Em meio a essa confusão de sentimentos, as lágrimas me são inevitáveis. A utopia da situação me machuca. Me deprime. Na maioria das vezes, o mais proximo que chego de tocar-te são em impressões e pensamentos. Fecho meus olhos. Sinto minhas lágrimas. Desejo estar ao seu lado. Desejo ser outra pessoa. Culpo-me, amarguradamente, por desejar o que nunca poderei ter.

[Fernando M. Minighiti][30.07.2011][23:10]


domingo, 31 de julho de 2011

De outras autorias XVII

O sinal do pátio da escola toca de novo. Nuvens de chuva aparecem novamente. Ninguém te disse que ela não está respirando? Olá, sou sua mente, dando alguém para conversar com você. Olá. Se eu sorrir e não acreditar, logo eu sei que irei despertar deste sonho. Não tente me consertar, eu não estou quebrado. Olá, eu sou a mentira vivendo por você; Assim, você pode se esconder. Não chore. De repente, eu sei que não estou dormindo. Olá, ainda estou aqui... Tudo o que restou de ontem...
[Hello. Evanescence]

É isso aí.
Como a gente achou que ia ser.
A vida tão simples é boa...
Quase sempre.
É isso aí.
Os passos vão pelas ruas.
Ninguém reparou na lua.
A vida sempre continua.
É isso aí.
Há quem acredite em milagres.
Há quem cometa maldades.
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí.
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar
De te olhar.
[É isso aí. Ana Carolina e Seu Jorge]

Nas ruas de outono
Os meus passos vão ficar
E todo o abandono que eu sentia
Vai passar.
As folhas pelo chão
Que um dia o vento vai levar.
Meus olhos só verão
Que tudo poderá mudar.
Daria pra escrever
Um livro se eu fosse contar
Tudo o que passei
Antes de te encontrar.
Pego sua mão
E peço pra me escutar.
Seu olhar me diz que você quer me acompanhar.
Eu voltei por entre as flores da estrada.
Pra dizer que sem você
Não há mais nada.
Quero ter você bem mais que perto.
Com você eu sinto o céu aberto.
[Ruas de Outono. Ana carolina]

Hand in mine, into your icy blues
And then I'd say to you we could take to the highway
With this trunk of ammunition too
I'd end my days with you in a hail of bullets
I'm trying, I'm trying
To let you know just how much you mean to me
And after all the things we put each other through and
I would drive on to the end with you
A liquor store or two keeps the gas tank full
And I feel like there's nothing left to do
But prove myself to you and we'll keep it running
But this time, I mean it
I'll let you know just how much you mean to me
As snow falls on desert sky
Until the end of everything
I'm trying, I'm trying
To let you know how much you mean
As days fade, and nights grow
And we go cold
Until the end, until this pool of blood
Until this, I mean this, I mean this
Until the end of...
I'm trying, I'm trying
To let you know how much you mean
As days fade, and nights grow
And we go cold
But this time, we'll show them
We'll show them all how much we mean
As snow falls on desert sky
Until the end of every...
All we are, all we are
Is bullets I mean this
As lead rains, pass on through our phantoms
Forever, forever
Like scarecrows that fuel this flame we're burning
Forever, and ever know how much I want to show you you're the only one
Like a bed of roses there's a dozen reasons in this gun
And as we're falling down, and in this pool of blood
And as we're touching hands, and as we're falling down
And in this pool of blood, and as we're falling down
I'll see your eyes, and in this pool of blood
I'll meet your eyes, I mean this.
Forever.
[Demolition Lovers. My Chemical Romance]

Achei um 3x4 teu e não quis acreditar que tinha sido há tanto tempo atrás. Um bom exemplo de bondade e respeito, do que o verdadeiro amor é capaz. Alguém falou do fim-do-mundo. O fim-do-mundo já passou. Vamos começar de novo: Um por todos, todos por um. O sistema é mau, mas minha turma é legal. Viver é foda, morrer é difícil. Te ver é uma necessidade. Vamos fazer um filme.  E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."? E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."? Sem essa de que: "Estou sozinho." Somos muito mais que isso. Somos pingüins, somos golfinhos. Homem, sereia e beija-flor; Leão, leoa e leão-marinho. Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito. Chega de opressão: Quero viver a minha vida em paz. Quero um milhão de amigos. Quero irmãos e irmãs. Deve de ser cisma minha, mas a única maneira ainda de imaginar a minha vida, é vê-la como um musical dos anos trinta. E, no meio de uma depressão, te ver e ter beleza e fantasia. E, hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."? E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."? Como é que se diz: "Eu te amo."? E hoje em dia, vamos fazer um filme? Eu te amo. Eu te amo... Eu te amo...
[Vamos fazer um filme. Legião Urbana]

É verdade o que dizem de você
Que você não é como eu
Que sempre sabe onde ir
E que nunca se perdeu
Diga uma palavra
Pra me acalmar
Me convença que um dia
Tudo vai melhorar
Abra os seus braços prá me refugiar
Eu quero amplificar
Pra que todos saibam
E possam escutar
Eu quero ser como você
Eu quero ver o que você vê
Não sei onde, quando ou porquê
Um dia eu percebi
A vida é mais doce pra você
Tem um gosto que eu nunca conheci
Feche os meus olhos
E me faça sonhar
Diga pra eu parar
De me preocupar
Me mostre como sempre acreditar
Eu quero acelerar
O tempo corre
E eu preciso te alcançar
Eu quero ser como você
Eu quero ver o que você vê...
[Eu quero ser como você. Capital Inical]

Tudo aqui quer me revelar: Minha letra, minha roupa, meu paladar, o que eu não digo, o que eu afirmo, onde eu gosto de ficar, quando amanheço, quando me esqueço, quando morro de medo do mar... Tudo aqui quer me revelar: Unhas roídas, ausências, visitas, cores na sala de estar... O que eu procuro, o que eu rejeito, o que eu nunca vou recusar. Tudo em mim quer me revelar: Meu grito, meu beijo, meu jeito de desejar, o que me preocupa, o que me ajuda, o que eu escolho prá amar. Tudo aqui quer me revelar: Unhas roídas, ausências, visitas, cores na sala de estar...
[Me revelar. Zélia Duncan]

Queria descobrir
Em 24 horas tudo que você adora
Tudo que te faz sorrir
E num fim de semana
Tudo que você mais ama
E no prazo de um mês
Tudo que você já fez
É tanta coisa que eu não sei
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você
E até saber de cor
No fim desse semestre
O que mais te apetece
O que te cai melhor
Enfim eu saberia
365 noites bastariam
Pra me explicar por que
Como isso foi acontecer
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você
Por que em tão pouco tempo
Faz tanto tempo que eu te queria
[Tudo sobre você. Zélia Duncan]

It might not be the right time
I might not be the right one
But there's something about us I want to say
Cause there's something between us anyway
I might not be the right one
It might not be the right time
But there's something about us I've got to do
Some kind of secret I will share with you
I need you more than anything in my life
I want you more than anything in my life
I'll miss you more than anyone in my life
I love you more than anyone in my life
[Something about us. Daft Punk]







Conclusão

Evito seus olhos, e o que mais possa me entregar de mãos atadas. Não me agrada a perspectiva de revelar-lhe minha fraqueza maior. Sei que, se meu olhar encontrar o seu nem que por uma fração de segundo, eles lhe revelarão mais do que pretendo que você saiba. Ainda não aprendi a lidar com sua perfeição. Sua modéstia me incomoda um pouco, também. Evito seus sorrisos, embora um súbito desejo de vê-los me traia. Quero, no íntimo, ser o motivo de teus lábios se curvarem para cima. Seu perfume me acalma e me alucina. Ele é meu refúgio, minha paz e minha agonia. Minha alegria e minha dor. Meu prazer secreto. Sempre que estou sozinho, teu cheiro invade meus sentidos em meio a minha respiração, mesmo você não estando presente. E, nesse meio segundo que aprisiono teu perfume nos meus pulmões, perco-me em caminhos secretos que nunca trilhei, entrego-me aos instintos de minha não tão pura alma. Sinto-me arrepiar. Então, solto o ar e tudo se dissolve. Mas, no fim do dia, percebo quão inútil foi evitar seu olhar, seu sorriso; Por que eu sei que a admiração não tem mais esse nome. Entretanto, deve sempre ser assim, sempre de longe. Devo continuar a sentir o que sinto em silêncio, por que nossos caminhos estão e pretendo que estejam sempre juntos, como duas paralelas, mas sei que nunca se unirão.

[Fernando M. Minighiti][29.07.2011][11:00]



domingo, 17 de julho de 2011

De outras autorias XVI

E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero
Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz...
Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem...
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo...
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei

[Giz. Legião Urbana]


Quando o mundo fica muito pesado
Coloque-o em minhas costas
Eu serei sua alavanca
Você está me desmontando
Como cola ruim em um cartão de melhoras
Eu sou uma mosca que está presa
Numa teia
Mas estou pensando que
Minha aranha morreu
Solitária, pequena vida solitária
Eu poderia me iludir
E pensar que estou bem
Eu sou a luz
Piscando no final da estrada
Pisque de volta pra eu saber
Que eu sou carne e osso
Apenas um rei em um trono enferrujado
Todo o castelo sitiado
Mas a placa lá fora diz "me deixe em paz"

[Always. Panic! At The Disco.]


I hold my breath as this life
Starts to take its toll
I hide behind a smile
As this perfect plan unfolds
But oh, God, I feelI've been liked to lost all faith
In the things I have achieved
Crawling through this world
As disease flows through my veins
I look into myself
But my own heart has been changed
I can't go on like this
I loathe all I've become
And I have woken now to find myself
In the shadows of all I have created
I'm longing to be lost in you
Away from this place I've made
Won't you take me away from me?
Lost in a dying world
I reach for something more
I have grown so weary of this
The lie I live
I have woken now to find myself
I'm lost in the shadows on all I've created
I'm longing to be lost in you
I have woken now to find myself
I'm lost in the shadows on my own
I'm longing to be lost in you
Away from me



[Away From Me. Evanescence]


'Cause I'm broken when I'm open, and I don't feel like I'm strong enough. 'Cause I'm broken when I'm lonesome, and I don't feel right when you're gone away


[Broken. Evanescence]





sábado, 16 de julho de 2011

Sem querer, eu quero

Eu quero. Esse pensamento que deveria me confortar, na verdade me assombra, e acaba por me consumir por inteiro. Eu quero! Aos meus felizes - e raros - momentos, seguem-se reflexões particularmente dolorosas. Quem eu sou e o que me aguarda e não faço a mínima ideia. A questão é que não me assemelho a humanos. Estou mais para uma sombra bestial, quase uma fera. A questão é que eu quero.
Mas, no fim, acabo por concluir meus pensamentos sobre minha insignificante existência: Sou um covarde. Sempre o fui. Eventos já passados fazem sentido apenas hoje, pois eu estava preocupado demais em me esconder. Preocupado demais em tentar me fazer sentir bem. Hoje, colho os frutos podres de minha impura plantação.
Por brincadeira, eu pisava nas pessoas. Em meio a risos, cuspia em suas faces. Meus insultos passavam por piadas. Encontrar os teus pontos fracos me fortalecia. Me esconder às suas costas me aliviava. Acusar-lhes de meus crimes fazia meu sofrimento menor. E o que recebi em troca disso? Amor. Fidelidade. Amizade incondicional. Ganhei o mundo, ganhei tudo. Mas nem tudo merecia. Como sinto-me sujo. Como sinto-me indigno.
Então, o destino agiu. Sabe, as pessoas se fortalecem. Elas mudam. Hoje, não há mais onde me esconder. Não posso mais acusar-lhes de crimes meus, e de mais ninguém. Sem ter a intenção, você me colocou em evidência. Se transformou em meus sonhos mais profundos e secretos. Entretanto, meus sonhos, assim como meu ser, estão e sempre estiveram maculados. E você é perfeito. Puro.
Não há mais para onde correr. Deveria, sim, me sentir feliz. Mas por que essas dolorosas reflexões persistem? Mesmo que saiba, prefiro não enxergar a resposta, embora não possa negar os fatos. A que ponto cheguei? Anseio por abraços! Faço, desses raros momentos, momentos eternos; E, quando esses abraços não acontecem, recolho-me em uma intensa e silenciosa tristeza. Anseio até pelo mínimo toque, e valorizo todos os que acabam ocorrendo. Pequenos. Eternos.
Mas meu bom senso é maior. Se não posso cessar essa maldita depressão que sucede meus momentos felizes, não irei deixar que ela se instale nesses momentos especiais. Porquê eu fui abençoado com amizades verdadeiras, e esse tesouro é maior e melhor do que qualquer paixão carnal.
Deus... Não sei como exatamente eu me perdi, nem no que eu me tornei. Não sei de mais nada. o que sinto é amor? É inveja? Todo o pouco que sei são apenas vislumbres, flashes de uma única e irredutível certeza: Eu sou um monstro.

[Fernando M. Minighiti][15.07.2011][3:43 A.M.]