terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mea Culpa

Hoje a noite estava fria. Poderia muito bem me agasalhar - o casaco estava dentro da pesada bolsa que eu não queria trocar de lado, por mais que meu ombro esquerdo protestasse. Poderia muito bem ter pedido à ela um guara-chuva emprestado, mas preferi sentir a garoa fria no meu rosto. Não me importava. Nem para os comentários ao passar. "Deus abençoe a vida desse garoto". Dane-se. Aos poucos - meados da metade do caminho - meu corpo não estava molhado, mas úmido. O vento batia junto com as goticulas de água, o que tornava tudo mais gelado. Tremia. Minha camisa fina por cima da camiseta vermelha era agitada pelo vento, mas eu até que gostava do efeito. Senti um doloroso prazer em tremer de frio. Em me auto-punir. Nada vai mudar, eu sei, mas não podia sair ileso das coisas que andei fazendo. O que eu fiz contigo, meu amigo? Transformei-lhe numa pilha de nervos, invadi sua paz apenas para atormentá-lo e galgar meu objetivo! "Egoísta" não chega nem perto do que fui nesses ultímos quatro meses. Desalmado talvez seja um termo melhor. Joguei sujo. Implorei atenção à todo custo, sem me importar com as consequências. Com as vítimas. Cada gota que gelava meu rosto era um pagamento por tudo o que lhe fiz. Por que desculpas não é o suficiente. O que devo fazer? O que devo dizer? Diga - eu farei. Qualquer coisa. Qualquer coisa para vê-lo de novo verdadeiramente feliz. Para tirar a angústia do seu peito. Para conscertar todos esses meus erros. Para secar suas lágrimas. Deixe-me ajudá-lo. Deixe-me conduzi-lo para fora deste labirinto. Deixe tirá-lo desse pesadelo que eu mesmo criei, são e salvo! Integralmente! Moralmente! Perfeito, e sem se deturpar, do mesmo modo que você sempre foi. Do mesmo modo que eu espero que você sempre seja: Perfeito e sem se deixar deturpar por mentes menores, inferiores, mesquinhas e sujas.

[Fernando M. Minighiti][06.09.2011][21:54]

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