Eu quero. Esse pensamento que deveria me confortar, na verdade me assombra, e acaba por me consumir por inteiro. Eu quero! Aos meus felizes - e raros - momentos, seguem-se reflexões particularmente dolorosas. Quem eu sou e o que me aguarda e não faço a mínima ideia. A questão é que não me assemelho a humanos. Estou mais para uma sombra bestial, quase uma fera. A questão é que eu quero.
Mas, no fim, acabo por concluir meus pensamentos sobre minha insignificante existência: Sou um covarde. Sempre o fui. Eventos já passados fazem sentido apenas hoje, pois eu estava preocupado demais em me esconder. Preocupado demais em tentar me fazer sentir bem. Hoje, colho os frutos podres de minha impura plantação.
Por brincadeira, eu pisava nas pessoas. Em meio a risos, cuspia em suas faces. Meus insultos passavam por piadas. Encontrar os teus pontos fracos me fortalecia. Me esconder às suas costas me aliviava. Acusar-lhes de meus crimes fazia meu sofrimento menor. E o que recebi em troca disso? Amor. Fidelidade. Amizade incondicional. Ganhei o mundo, ganhei tudo. Mas nem tudo merecia. Como sinto-me sujo. Como sinto-me indigno.
Então, o destino agiu. Sabe, as pessoas se fortalecem. Elas mudam. Hoje, não há mais onde me esconder. Não posso mais acusar-lhes de crimes meus, e de mais ninguém. Sem ter a intenção, você me colocou em evidência. Se transformou em meus sonhos mais profundos e secretos. Entretanto, meus sonhos, assim como meu ser, estão e sempre estiveram maculados. E você é perfeito. Puro.
Não há mais para onde correr. Deveria, sim, me sentir feliz. Mas por que essas dolorosas reflexões persistem? Mesmo que saiba, prefiro não enxergar a resposta, embora não possa negar os fatos. A que ponto cheguei? Anseio por abraços! Faço, desses raros momentos, momentos eternos; E, quando esses abraços não acontecem, recolho-me em uma intensa e silenciosa tristeza. Anseio até pelo mínimo toque, e valorizo todos os que acabam ocorrendo. Pequenos. Eternos.
Mas meu bom senso é maior. Se não posso cessar essa maldita depressão que sucede meus momentos felizes, não irei deixar que ela se instale nesses momentos especiais. Porquê eu fui abençoado com amizades verdadeiras, e esse tesouro é maior e melhor do que qualquer paixão carnal.
Deus... Não sei como exatamente eu me perdi, nem no que eu me tornei. Não sei de mais nada. o que sinto é amor? É inveja? Todo o pouco que sei são apenas vislumbres, flashes de uma única e irredutível certeza: Eu sou um monstro.
[Fernando M. Minighiti][15.07.2011][3:43 A.M.]
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