domingo, 6 de novembro de 2011

Fatos

Arrisco. Como alguém que não tem medo do desconhecido, inclino-me neste abismo de incertezas, de reações inesperadas. Mas de sentimentos tão profundos que dos quais não sou capaz de enxergar o fundo. Queria ser capaz de tocá-los. Controlá-los, dimensionar ao meu gosto, moldar. Gostaria de criar, com eles, uma ponte até você. Mas uma ponte concreta não é feita para se alcançar incertezas. E quantas incertezas você representa. Quanta complexidade você me impõe. Procuro desvendar-te a cada dia que passa. Agarro-me em suas respostas, e crio uma imagem diferente a cada momento. Mas no fim, me pergunto: Não me desvendas? Não é tão óbvio assim? Sim, deve ser óbvio até demais, uma parte de mim pensa, e então me recluso e aguardo o momento propício. Mas os dias continuam sendo os mesmos. Perfeitos - mas ainda sim iguais: A ansiedade, as ondas de tensão, a calmaria, e o medo te dizer a coisa errada. De dizer mais do que devo. Mais do que você deve ouvir. Se você, pelo menos, me desse sinais claros, se fosse menos difícil de entender, talvez fosse mais fácil. Mas a culpe jamais será sua. Então, caio em contradição - ou, pelo menos, consigo discernir melhor o que se passa. Arrisco em sentir. Ouso em nutrir algo impossível, intangível. Mas guardo todas as formas de expressão pelo receio da perda. E esse é o vento que me traz de volta o equilíbrio à beira do abismo, e me fazem focalizar apenas a distância intransponível entre nós dois. Porque, para uns, um mês não significa nada. Para mim, já significa muito. E, então, fecho minha conta e realizo o meu saldo: O amor é uma dádiva que me foi dada. Amor correspondido é uma da qual, pelo que parece, não sou merecedor. É um trem que nunca irá parar para meu embarque. É uma ausência que faz meu coração bater fora do compasso. Apenas fraquejo sobre meus joelhos e contemplo as estrelas, como se elas pudessem saber o que sinto. O meu destino. Correspondência sempre negada. Por que?

[Fernando M. Minighiti][06.11.2011][22:47]


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