segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Resquícios de ontém

I
A noite expõe
Em cruel destaque
O que a luz do sol
Ofuscava.
O vento aguça
E aflora os batimentos.
Sangue intoxicado
É agora meu legado.
Uma vida venosa.
Rubra, pastosa.
Esquivos, abismos
Do intolerável amor
Ao incontrolável desejo.
Não escrevo meu roteiro.
Tudo se perderá
No romper de uma luz
Demasiadamente pura.

II
O recluso encontra um meio
De ver através da escuridão.
É a vida que ele vê.
A vida que nunca conseguiu tocar.
A ideia que nunca pôde tolerar.
o sangue que nunca pôde estancar.
É o vazio que o preenche.
Escuridão que compreende.
A prata e suave luz
Quebrada pelas grades
O lembra de quão inatingível
O mundo se tornou.
Prisão da mente.
Sentimento consciente.

III
É a vida que lhe escapa
Como água em suas mãos.
O amor que lhe foi negado.
O sofrimento lhe é inalterado
Permanentemente estático
Apenas exposto
Em cruel destaque
Agora que a luz do sol
Não mais o ofusca.


[Fernando M. Minighiti][07.11.2011][8:06]





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