Conheci alguém. Claro, esse alguém não me conhece. Entretanto, nos vemos todas as sextas feiras. Conheço bem seus olhos miúdos, sua postura despojada. A sua (quase) ausência de queixo. É pessoa reservada, taciturna, embora sorri quando conversa com pessoas que conhece. Conheço seus trejeitos, suas manias. É pessoa detentora de um lindo cabelo, mesmo que não muito valorizado, mas ainda sim lindo. Mas voltemos aos fatos captados por mim - quase uma antena de sinais que nunca funcionarão na prática: Da pessoa conheço o pai, conheço a mãe: Embora intimidadora, é belíssima como a cria sua. Figura inspiradora, inspira respeito. Poderia ser um diálogo de novela quando conversamos - digo, se um dia viermos a compartilhar de uma mesma conversa. Dessa pessoa, conheço até a irmã mais nova e a avó. Veja bem, sei até que essa pessoa se chama F*******. Ultimamente, descobri como é sua voz. E ela é linda como tudo o mais que possui. Essa pessoa, entretanto, não sabe que eu existo. Isso não me aflige tanto, é verdade, mas é inquietante o fato de eu me interessar tanto por uma pessoa e essa mesma não saber nem mesmo meu nome.
Mas, a não ser que muito me engano, acabo de prender-me em minha própria armadilha - a inerte esperança, a admiração oculta, o melodrama encarnado. Pois só com mais dor sou capaz de ultrapassar a dor.
Acelero a escrita. Outra sexta feira está surgindo.
[Fernando M. Minighiti][10.10.2011][22:13]
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