segunda-feira, 14 de março de 2011

Não é naturalidade, e não há prazer nenhum nisso. É apenas uma maldita necessidade de sobrevivência.

Terminar o dia... Vivo. É nisso que penso todas as manhãs quando acordo. Uso de todos os artifícios para alcançar o meu objetivo. É a lei da selva, matar ou morrer. Uso e abuso de todos os recursos, todas as cartas sob a manga, todos os trunfos. Ninguém vê minha verdadeira face por detrás da máscara de felicidade que visto a cada dia. Ninguém enxerga meu verdadeiro ser além da atuação. E a mentira! Ah, a falsidade! Ninguém suspeita de todas elas. E como eu me arrependo! Mas o que fazer, se somos forçados a conviver com todos os fantasmas do passado? Com quem só nos fez mal, com quem ainda nos faz mal? O que fazer se esse é o único artifício com o qual a convivência se torna possível, relativamente suportável? Uns dizem que é o simples ato de suportar certas pessoas que tornam a convivência forçada possível. Mas eu posso ver além dos argumentos, e vejo que é apenas a falsidade, na sua mais pura e cristalina forma, atuando por todos nós. Estou impregnado dela. Estás impregnado dela. Todos estão. Posso farejá-la, senti-la na terra. Terminar o dia vivo... Nem sempre consigo finalizar meu objetivo. Essa "convivência", essa necessidade de uma convivência pacífica, que implica no fato de dissimular sentimentos, falsificar sorrisos, mata-me aos poucos, como um veneno que lentamente queima minha veias. E no final do dia, sinto-me morto, inútil, imprestável. Avalio, então, o dia. Sempre me parece apenas mais um dia perdido, desperdiçado. E isso não me faz sentir-me melhor. Acordo. Mais um dia. Terminar o dia vivo. Apenas penso nisso, e que não seja necessário utilizar-me desse mal que consome a todos nós. Apenas penso em cumprir meu objetivo.

[Fernando M. Minighiti][14.03.11][20:56]




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