Jardim dos mortos

Por quanto tempo eu estive a dormir?
Há quanto tempo estou sonhando?
Agora, não há como fugir...
Tudo foge do meu comando.

As máscaras dos sonhos caem.
Em seus olhos eu só vejo a dor.

E nesse torpor
não há calor
não há clamor
para os vivos.
Apenas a névoa
sem nenhuma quimera
nos jardins dos mortos

Sussurre uma canção
Dê sangue ao meu coração.
Diante de mim, uma estrada torta.
Me guie no caminho de volta

Antes que eu me entregue
E me renda aos encantos da dor.

Nesse torpor
não há calor
não há clamor
para os vivos.
Apenas a névoa
sem nenhuma quimera

Nos jardins dos mortos
você sabe,
você vê
que sozinho não está
Apesar
de olhar
ao seu redor e apenas encontrar
o vento a soprar
e o silencio a soluçar.
Senhor,
é aqui que sempre desejei estar:

Nesse torpor
onde não há calor,
e nem clamor
para os vivos.
Onde há apenas a névoa
com nenhuma quimera:
Nos Jardins dos Mortos.

[Fernando M. Minighiti][12.10.2010][23:15]