São cinco horas da manhã e meus pulmões precisam de mais ar do que eu posso dar a eles. Respiro rápido, quase ofegante, logo, sem tempo de pensar. Os dias são cada vez mais curtos e muitas coisas têm acontecido de forma tão rápida e intensa que muitas coisas têm me escapado aos olhos.Quando as vejo, já são pegadas, rastros, ou pequenas silhuetas difusas no horizonte eu deixei pra trás. Sou pego de surpresa pela sensação de caminhar sobre a mais fina camada de gelo, combinada pela paranóia de processar, de arquivar e documentar tudo a que tenho sido acometido. Algo me diz, lá no fundo, que absolutamente tudo pelo que tenho passado é e vai ser muito importante. Muito importante.
Enfim, é bom sentir medo. Estranho é estar inseguro. É bom não saber o que acontece amanhã. Ruim é não ter o que fazer hoje.
Passa pra mim que eu jogo na lateral esquerda. Corro o mais rápido que posso, sem jamais olhar pro lado. Chegando na ponta da área, eu não cruzo. Meto uma bica rumo à meta. Quase sempre pra fora. O centro-avante reclama do meu individualismo.
Eu sempre amarro minhas chuteiras como se me preparasse para o jogo da minha vida. O juiz autoriza a saída de bola, e hoje é dia de gol.
Abri os olhos, e, daqui pra frente, vou respirar sempre o mais fundo que eu puder.
[Lucas Silveira]
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