segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Águia de sangue

Veja, as cortinas subiram.
Lá vem o amor.
Parece meio tímido,
como quem não quer nada.
Como ator que não sabe o texto
mas que continua no palco.

E sob o holofote da sua luz hipnótica
nós somos o foco, não ele.
Assim vamos perder a hora,
ela se torna um mero detalhe.
E sua luz brilha ao ponto de cegar, de apagar.

Pronto. Apagou-se.
Perdemos a hora
e o prumo. O sentido. O orgulho.
E tudo mais o que o amor quis -
esse bicho egoísta que não sabe ouvir não.
Não, senhor!

Sua divisão é indivisível.
Tem para si o amor que é do outro,
mas que apenas a ele pertence.
Por mais que sozinho não sobreviva
é tudo dele, mesmo que ainda dependente.

Não, não entendas. Não tentes.
Toma teu rumo, segue teu caminho.
Guarda o pouco que restou.
Afaga as dores,
vença mais uma noite
nesse caminho apático.

Desce a rua, não olha os lados.
Amor multifacetado é indissolúvel,
e do seu brilho não és filho.
Apenas amigo traído
que aos poucos sucumbe
ao seu próprio grito contido.

[Fernando Martins Minighiti][22.02.16][22:40]




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