E a ele não retornas
Tudo toma forma
Na escuridão que por horas é eterna
E intransponível
A não ser pela respiração
O ar que entra pelo nariz
Oxigena o cérebro, na escuridão,
Carregado de fatores,
Memórias
Que, nas correntes sanguíneas
Alimentam os neurônios
Com formas que só saem
de seus moldes
Justamente na ausência da luz.
Porque é aqui e agora
Que tudo fica às claras.
O reflexo se perde e o verdadeiro contorno
Reina sobre aquilo que não vemos -
Mas sentimos.
E a sensação fala por si
Sem um som, sem um ruido
Mas está lá, no ouvido,
Murmurando. Sussurrando
A luta inglória
Às palavras não ditas e não esquecidas
Entrega-te de alma suja, mas entrega-te.
Partida, mas íntegra.
Pois elas só existirão nessas noites
Em que o fantasiar lhe é negado.
Tudo que é ido, tudo que ficou
Espremido entre o corpo e a parede
Na cama de solteiro.
E lá, naquele vão,
Naquela fresta infeliz
O mundo inteiro.
[Fernando M. Minighiti] [03.01.16] [05:39]
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