quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Terça feira

Uma terça é uma terça, e sempre será. Primeira de três apenas no nome, pois não é o início, não é o meio e muito menos o fim. O copo de leite pela manhã não é nem meio cheio, nem meio vazio. A manteiga passada no pão não é suficiente para fazer uma torrada, nem para enojar-se com o creme amarelo. Tudo tem aquele tom de "quase lá", mas nunca lá, muito menos aqui. O que teve início ontem começa a evaporar, mas ainda não é nuvem e nem chuva.
A terça te abraça com aquela inércia intrigante quando o despertador toca - nem alto, nem baixo. Talvez depois de três sonecas a densidade desse dia te nocauteie com seus inúmeros questionamentos. O que? Porque? Quando? Como?
Essa terça roubou todo meu desatino e não sei como vencer algo que é e não é. Talvez todas as terças sejam ladras de alguma coisa, para que possamos conhecer a não existência, para que saibamos como é estar em lugar nenhum, em nenhum momento.
As terças são vazios tangíveis. 
Ou talvez seja eu que não tenha olhado meu copo enquanto o enchia de leite, e agora não saiba se ele está meio cheio ou meio vazio. Ou então o café que me serviram depois do almoço não estava suficientemente quente. 
O tudo e o nada me completam nesse mês chamado terça feira.


[Fernando M. Minighiti][19.08.2015][01:05]




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