sábado, 29 de janeiro de 2011

Política da boa vizinhança

Por muito tempo eu deixei de respirar, temendo roubar o ar alheio. Escondia-me de meus pecados, e assumia os do mundo. Fazia-os meus pecados por livre e espontânea vontade. Achava que seria mais fácil assim. Desapropriei-me do meu coração e da minha razão: uma mente vazia, dada a quem quisesse brincar. Viciei-me, como um vagabundo, no meu próprio jogo demoníaco: Minha diversão era ser crucificado diariamente para satisfazer minha plateia. Transformava-me nos motivos de suas vergonhas. Transformava-me na vítima de suas línguas, na razão do seu falar, na circunstancia de sua dissimulação, na finalidade do seu sarcasmo, na piada em seus olhares. Víamos a incomoda verdade, agitando-se como uma cobra preparando o seu bote, nos olhos uns dos outros... mas preferíamos negá-la. E assim, entrávamos e permanecíamos num estado de "paz aparente". Mesmo assim, de paz. Mas a politica da boa vizinhança me cansou. A partir de agora, um mais zero será dois, e eu serei eu, não vocês.

[Fernando M. Minighiti][28.01.11][20:58]


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

De outras autorias XII

I'm getting tired of asking
This is the final time
So, did I make you happy?
Because you cried an ocean...
Is this a sign from heaven,
Showing me the light?
Was this supposed to happen?
I'm better off without you...
 [P.O.V. Mcfly]
 
Eu preciso viver sem nada para consertar. Não me diga a próxima coisa que irá acontecer, estou bem, eu gosto dessa sensação. Deixarei para atrás todas as coisas que sinto falta: A próxima parada não é aonde você pensa que é; porque esta noite eu estou andando fora dos trilhos... Porque todos nós caímos... Todo mundo conhece o fim, quando as cortinas atingem o chão. Não quero chegar lá querendo ter dado mais. Todos conhecem o fim: É onde você espera que você nunca diga "Eu poderia ter feito melhor". E eu manterei o que conta, e jogarei fora o que realmente não importa, porque todos conhecem o fim.
  [The End. Mcfly]
  
Little Joanna's like a laser beam sky
Gluteous Maximus like a fire fly
And that's why I'm a kissaphobic!
Where cellulite dreams were made
Like lemonade
But when the shivers are salty
And sea forms the colour of space!
  [Little Joanna. Mcfly]
 
Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.
 
Ânsias, desejo, tudo a fogo escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.
 
E quanto mais pelo Infinito cava
Mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...
 
Alto levanta a lâmpada do Sonho
E com seu vulto pálido e tristonho
cava os abismos das eternas ânsias!
  [Cavador do Infinito. Cruz e Souza.]
 
 

Maybe next time
I'll take a ride on by
When I feel you near
Cos'
I can't play this like I'm meant to now
My Aladdin's lamp is down
And I got a fear baby right here
Cos'
The promise I made
Is starting to fade,
starting to fade.
 [The Promise. Mcfly]

Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
 [Lírica amorosa. Camões.]

Vide le luci in mezzo al mare,
Penso alle notti là in america
Ma erano solo le lampare
E la bianca scia di un'elica
Senti il dolore nella musica,
E si alzo dal pianoforte
Ma quando vide uscire
La luna da una nuvola,
Gli sembro piu dolce anche la morte
Poi all'improvviso usci una lacrima
E lui credette di affogare
Potenza della lirica,
Dove ogni dramma è un falso
Che con un po' di trucco e con la mimica
Puoi diventare un altro
Ma due occhi che ti guardano,
Cosi vicine e veri
Ti fan scordare le parole...
Confondono i pensieri
Cosi diventa tutto piccolo,
Anche le notti là in america
Ti volti e vedi la tua vita,
Dietro la scia di un'elica
Ma si, è la vita che finisce,
E non ci penso poi tanto
Anzi, si sentiva gia felice,
E ricomincio il suo canto
 [Caruzo. Andrea Bocelli.]




sábado, 22 de janeiro de 2011

Precipício

Estou à beira de um abismo. Olho para baixo, para o precipício sem fim além de meus pés, e ele me encara de volta. Convida-me a dar mais um passo. Hesito. dessa vez, não deve haver arrependimentos, o que é algo impregnado na minha carne. E sim, eu vou me flagelar depois do próximo passo, mas não posso deixar de me perguntar... o que há do outro lado? O que vai acontecer se  eu seguir meus instintos? O que há no fundo do precipício? - no fundo da minha mente? Eu poderia ficar aqui em cima, em proteção, e jamais saber o que há lá em baixo. Mas cada dia que passa eu tenho mais certeza que estarei muito melhor sozinho lá no fundo do que aqui no alto, dividindo um ar há muito rarefeito. Abro os braços e, nesse gesto, não tenho mais peso. Estou pronto para abraçar o desconhecido.

[Fernando M. Minighiti][22.01.11][02:11 a.m.]


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Destino

"Ele veio
tão silencioso
quanto o luar
que a levou.
A brisa confirmava
que aquele coração pulsava
E o som era tão perturbador
que sua carne atravessava
e a fazia acreditar
que seu coração jamais parara.

Pelo destino,
a união se formou
e na Floresta da Espera
fez-se ouvir o clamor
das profundezas da Terra.
O som de um lamento
tão antigo quanto o tempo
e que era quebrado
por mero acaso.

Tal como o Sol e a Lua,
o céu e o oceano,
seu amor era fadado
a nunca vingar
Pois ela necessitava de algo
que ele não poderia dar:
Seu coração batia
e o dela
parado permaneceria
até que algum dia
encontrasse um
que por ela pararia

Tão silencioso
quanto o luar
que tão precocemente os uniu
ele também partiu
partindo tudo o que ainda
poderia ser vivo dentro daquele corpo
que deixou para trás,
mas deixando também
um suspiro de esperança
E no sofrimento o entendimento
que o Destino devemos aceitar:
Da cova ela renasceu
e à cova volveu"

[Fernando M. Minighiti][18.01.11][23:45]

Momentos

Paro e penso de novo.
Encaro as respostas.
Tomo fôlego e noto que me falta
o ar pra respirar.
Crueldade sutil
como se sempre soube
que eu jamais poderei aceitar.
Quando ela arma o jogo
você já sabe como vai acabar.
Ninguém vai ganhar.

As vezes eu queria voar
pra longe de tudo
me refugiar.
Se você pudesse enxergar
tudo isso seria mais fácil
de suportar.

Todas essas cores
são negras ao meu ver.
Nesses olhos cegos para o mundo
ocultos em meu ser.
Egoísmo necessário
para fazer meu coração bater.
Fecho os olhos e imagino
que tudo voltou a ter sentido.
É só assim que vivo.

[Fernando M. Minighiti][18.01.11][23:17]