domingo, 24 de abril de 2016

Diurno

Eu vi um menino chorando
ao pé da estrada.
Suas lágrimas rolavam profusas,
entretanto sua fronte era seca.
Eu vi suas histórias cantadas
em cada gota de água
que alimentava o rio da estrada
que ele ainda não trilhou.

Eu vi uma velha alma
no corpo do jovem.
O crescer era o ranger do espírito
que jamais renovava.
A carne era a liberdade e a prisão.
D'águas passadas, nascia o futuro -
talvez regavam o presente
que ele nunca viveu.

E eu senti, sob meus pés cansados,
o fim do caminho.
Provei da água do rio,
e nela, engoli meu choro.
E vi que o belo da vida
não vale uma lágrima derramada.
E, além, o rio, a estrada virgem,
e o sol que nunca provei.

[Fernando M. Minighiti][24.04.2016][06:15]




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