domingo, 19 de dezembro de 2010

Só por hoje

Eu quero viver cada dia como se não houvesse o amanhã. O amanhã me apavora, me amedronta. Por que eu sei; sei que se o amanhã chegar, ele será igual ao ontem. Não quero viver o que já vivi. Passado é passado. Qual a importância em cultivar o passado? O que está morto, está morto. Não quero mais viver de ontens, como já muito vivi. Pois há momentos em minha vida que prefiro esquecer. Escolhas erradas. Caminhos não trilhados. Quedas. Arrependimentos. Ah, o arrependimentos. Não olhar para trás é uma dádiva, com a qual ainda não fui abençoado. A todo momento, a todo instante os fantasmas do passado me assombram. E se... e se..., eles sussurram. E chego a pensar que os "e ses" farão parte da minha vida para sempre. Então vivo o hoje. Sorrio por hoje, canto por hoje, danço por hoje. Toda a minha superficial felicidade dura apenas 24 horas. E, ao abrir os olhos novamente no dia seguinte, me esforço ao máximo para fazer do dia o puro e o mesmo hoje. Esquecendo o passado, os fantasmas, o frio, o medo da solidão, e sem tentar prever o que me aguarda no amanhã. Apenas vivo. E sorrio. Depois de tanto tempo na escuridão, que até me esqueci como é que se sorria, eu sorrio. Mas, se o amanhã repleto de nuvens cinzentas de tempestades chegar; e os fantasmas das escolhas passadas voltarem a me assombrar, me lembrarei - me lembrarei dos doces "hojes" que um dia vivi. E então saberei que há algo pelo qual vale a pena viver.

[Fernando M. Minighiti][19.12.2010][18:35]



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