segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Covardia

Há, para tudo, um tempo,
desde o frio alvorecer
até a hora do adeus latente.
Perde o tempo, passa a hora
e nada pode mais ser feito

Prolonga a inevitável morte,
semeia o corpo sem vida,
rega a pele apodrecida,
profunda em terra batida;
de coração que já não palpita.

E pede pra santo, reza pra deus,
pra da morte flores nascer
de corpo decomposto liquefazendo.
Desespero do que já foi
e deveria, de fato, ter ido.

Mas fica, ainda que preso,
pois já passou o tempo,
e o adeus uma vez iminente
agora se prolonga, doente,
no estômago do bigato

que mói a falta de tempo
por nós mesmos feito,
ansiando por ressurreição
à espera que o tempo volte
e tudo finde, então.

[Fernando M. Minighiti][05.08.2017][23:28]


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