domingo, 3 de janeiro de 2016

Fatos noturnos

Quando despertas do sono
E a ele não retornas
Tudo toma forma
Na escuridão que por horas é eterna
E intransponível

A não ser pela respiração
O ar que entra pelo nariz
Oxigena o cérebro,  na escuridão,
Carregado de fatores,
Memórias

Que, nas correntes sanguíneas
Alimentam os neurônios
Com formas que só saem
de seus moldes
Justamente na ausência da luz.

Porque é aqui e agora
Que tudo fica às claras.
O reflexo se perde e o verdadeiro contorno
Reina sobre aquilo que não vemos -
Mas sentimos.

E a sensação fala por si
Sem um som,  sem um ruido
Mas está lá, no ouvido,
Murmurando.  Sussurrando
A luta inglória

Às palavras não ditas e não esquecidas
Entrega-te de alma suja, mas entrega-te.
Partida, mas íntegra.
Pois elas só existirão nessas noites
Em que o fantasiar lhe é negado.

Tudo que é ido,  tudo que ficou
Espremido entre o corpo e a parede
Na cama de solteiro.

E lá, naquele vão,
Naquela fresta infeliz
O mundo inteiro.

[Fernando M. Minighiti] [03.01.16] [05:39]