segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Esforço

Quando o mundo dá voltas
E te tira do caminho.
Quando você força um sorriso
Mas se sente sozinho.
Quando tudo o que você tem
Está ficando para trás
Não os deixe ir.
Quando o vento sopra
A sua volta.
Quando você sofreu tanto
E já nem se importa.
Quando o que te fortalece
São apenas memórias
Torne-as reais.
Irei eternizar a todos nós
Para nos proteger do mundo atroz.
E tentar
Fazer isso sobreviver.
Não vou deixar
Isso morrer.

[Fernando M. Minighiti][25.09.2011][14:07]



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Noite

Mistério oculto
Na noite gelada.
Sangue escorrendo
Pela veia quebrada.

Sinta o calor
Do seu coração
Esqueça o frio
Da solidão.

Nada mais
Pode tentar
Me derrubar; não mais.
Essa noite eu sou eu.
Sou você.
Não sou ninguém.

Tranque a porta.
Não cogite parar.
O desespero
Ficou para trás.

Sinta a mudança
Que eu vivo.
Mude o padrão
Do que eu respiro.

Vá e tente
Me derrube
Não sou quem costumava ser.
Você me fez bem
Você me fez ir
Mais além.
Mais além, além.

Essa noite
Eu não sou mais
Quem eu costumava ser.
Hoje eu sei
Pelo quê
Vale a pena sofrer.

Nada mais
Pode tentar
Me derrubar, não mais.
Essa noite eu sou eu.
Sou você.
Não sou ninguém.

[Fernando M. Minighiti][19.09.2011][9:17]








terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mea Culpa

Hoje a noite estava fria. Poderia muito bem me agasalhar - o casaco estava dentro da pesada bolsa que eu não queria trocar de lado, por mais que meu ombro esquerdo protestasse. Poderia muito bem ter pedido à ela um guara-chuva emprestado, mas preferi sentir a garoa fria no meu rosto. Não me importava. Nem para os comentários ao passar. "Deus abençoe a vida desse garoto". Dane-se. Aos poucos - meados da metade do caminho - meu corpo não estava molhado, mas úmido. O vento batia junto com as goticulas de água, o que tornava tudo mais gelado. Tremia. Minha camisa fina por cima da camiseta vermelha era agitada pelo vento, mas eu até que gostava do efeito. Senti um doloroso prazer em tremer de frio. Em me auto-punir. Nada vai mudar, eu sei, mas não podia sair ileso das coisas que andei fazendo. O que eu fiz contigo, meu amigo? Transformei-lhe numa pilha de nervos, invadi sua paz apenas para atormentá-lo e galgar meu objetivo! "Egoísta" não chega nem perto do que fui nesses ultímos quatro meses. Desalmado talvez seja um termo melhor. Joguei sujo. Implorei atenção à todo custo, sem me importar com as consequências. Com as vítimas. Cada gota que gelava meu rosto era um pagamento por tudo o que lhe fiz. Por que desculpas não é o suficiente. O que devo fazer? O que devo dizer? Diga - eu farei. Qualquer coisa. Qualquer coisa para vê-lo de novo verdadeiramente feliz. Para tirar a angústia do seu peito. Para conscertar todos esses meus erros. Para secar suas lágrimas. Deixe-me ajudá-lo. Deixe-me conduzi-lo para fora deste labirinto. Deixe tirá-lo desse pesadelo que eu mesmo criei, são e salvo! Integralmente! Moralmente! Perfeito, e sem se deturpar, do mesmo modo que você sempre foi. Do mesmo modo que eu espero que você sempre seja: Perfeito e sem se deixar deturpar por mentes menores, inferiores, mesquinhas e sujas.

[Fernando M. Minighiti][06.09.2011][21:54]

domingo, 4 de setembro de 2011

Olhos vermelhos

E se eu tivesse o dom
de encerrar tudo esta noite?
E se eu fosse capaz
de enterrar tudo e não me importar?
E se eu pudesse me fazer
esquecer?
E se eu pudesse lhe fazer
ceder?
Mesmo assim eu faria?

A noite chega e com ela me traz
Todos os devaneios daqueles olhos vermelhos
De luxuria escondida eu desço até
O mais profundo desejo

Às vezes eu não quero ser eu
E as vezes eu quero o meu enterro
Para esquecer
O quanto eu sou
Sujo por dentro
Alguém lave minha alma
Antes que eu não possa mais tentar
Antes que eu me esqueça
Pelo que vale a pena lutar.

Eu quero tocar
A sua mente e te fazer ficar.
Tentar.
Falar.
Te fazer tentar.
E então podemos nunca mais...

E agora está no fim
A esperança é apenas um sacrifico.
Há algo que ela não diz
Para não deixar o ar rarefeito

Alguém mate meus desejos!
Alguém queime o sofrimento
Não sem antes delinear
Meus olhos como os seus - vermelhos
Alguém seja o meu cúmplice
Alguém divida minha dor
Alguém te faça tentar!
E alguém me faça mudar!

Eu quero tocar
A sua mente e te fazer ficar.
Tentar.
Falar.
Te fazer tentar.
E então eu poderia enfim parar.

[Fernando M. Minighiti][04.09.2011][22:27]





quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Orgulho ferido

Há certas coisas que são passageiras; e agora está tudo acabado. Como você se sente agora olhando o passado? Percebeste, enfim, o quanto perdeu? Sentiu o gosto do veneno que eu provava diariamente; todos os dias uma tormenta, uma agonia, uma morte diferente. Todos os dias uma luta em busca de reconhecimento, de aceitação, e encontrando contentamento em migalhas. Como se sente agora? Agora que aprendeu o real significado do amor, de se dar valor, como se sente? Devo me alegrar pelo fato de finalmente ter feito você aprender, você entender, mesmo que tarde demais, o quanto eu me importava? O quanto eu amava? Não. Entretanto, não posso mais lhe proteger. Quero que sinta o sangue escorrer, como senti. Quero que sinta o que é ser negado, como fui. Quero que saiba como é ser a segunda opção, o segundo colocado, ofuscado pelo plano principal. Quero que sofra um décimo do que sofri. Quero que sinta o gosto amargo que me fizeste provar. Quero que saiba todos os pesadelos que tive. Que sinta toda a dor que senti. Que perca tudo o que perdi. Quero que se contente com migalhas. Quero ver humilhação em seus olhos ao implorar atenção. Tudo isso eu vivi, eu senti. Acredite: doerá muito mais a mim. Mais do que ninguém - mais do que você, eu sabia que tinhas tudo na mão e que, conscientemente jogou tudo ao alto. Agora, que inicie a tarefa de procurar todos os pedaços dos teus sonhos destruídos por você mesma, e que agora estão quebrados em pedaços espalhados pelo vento. Até lá, que você aprenda com a sua própria história, para que ninguém mais passe por o que passei e pelo o que você passa. Pelo que irá passar. Pois tudo passará.

[Fernando M. Minighiti][31.08.2011][18:49]