Medo não... receio.

Há algum tempo eu li no blog de uma amiga - que eu amo muito, além da esfera fraterna - algo sobre o medo. Não tenho culpa se isso me assola agora e eu precise escrever sobre ele, apenas me desculpem por não ser tão bom quanto ela

MEDO: Segundo o Aurélio; receio, terror, susto. Quem nunca sentiu nada disso? Medo de cuspir o chiclete enquanto fala, travar em uma palavra da apresentação que voce estava treinando por tanto tempo ou até mesmo de levar aquele tombo na rua molhada - ou de nao conseguir segurar o riso se ver isso acontecer.

Enfim - tombos à parte - se voce disser que nao teve nenhum desses sintomas na vida, está mentindo. O medo está impregnado em nossas vidas, desde o momento em que choramos por que saimos aconchegante útero, apavorados com esse novo mundo.

Algumas pessoas se adaptam com ele. Outras não.

A pior coisa é nao saber se está fazendo a coisa certa. O medo de dizer algo errado pra pessoa que voce mais ama, medo de fazer algo estúpido, de estragar tudo num piscar de olhos, medo de errar tentando acertar...

Viver 24 horas por dia numa corda bamba...

...É exaustante. E divertido, se voce tentar ver o lado bom. Afinal de contas...

...quanto mais dificil, mais voce dá valor quando alcança seus objetivos.

Então voce ganha um quarto só seu - pelo menos nascer seu irmão - e seus pais apagam as luzes e te deixam sozinho no escuro quarto. Voce fica lá, com medo e sozinho, enquanto eles vao dormir juntos...

Não é tão injusto?

Você já  teve medo do escuro?

A pergunta é: Voce ainda tem medo do escuro?

O mais provavel seja que não.

Engraçado, não é?

Voce superou esse medo - seja por pressão, seja por se acostumar com o escuro... ou seja por que seu irmão mais novo te faz companhia, nunca se sabe... - e agora está agradecendo por ter um quarto escuro onde pode dormir depois de um exaustivo dia de aula.

É assim que vivemos. Superando a nós mesmos, dia-apos-dia.

Sei não, acho que eu sou complexado. Talvez nunca tenha me livrado completamente dos meus medos (eu durmo no escuro, tá?) Sempre tive medo de várias coisas... da solidão... das pessoas mais velhas... de me abrir para as pessoas novas - e talvez esse ultimo seja o que ainda predomina. O medo de me abrir para novas amizades é consequencia do medo de ser decepcionado de algum modo, que é consequencia do medo da solidão, de estar sem ninguem por perto.

Em suma: demoro muio para ter amigos. Por medo meu, mesmo. Mas quando alguem se mostra maior que esse medo e nos tornamos amigos, eu o prezo tanto, eu o amo tanto, eu o considero tanto, que o medo de ser trocado, traido ou seja lá o que por por essa pessoa que eu dei tanto valor é insuportavel.

Sei lá. Acho que amigos são fundamentais na vida de qualquer pessoa.

Mas agora estou trabalhando esse medo. E isso me faz me sentir bem. Nunca me senti tão bem antes.

A responsavel? Voce sabe que é a minha unica excessão.

"Amigo, como o ar:

Some e volta, some e volta

No peito da gente, fica"

Ulisses Tavares, "Viva a poesia viva"

-Para todos os meus amigos. Sejam eles próximos ou distantes. Amo todos voces-

[Fê]