Como escrever
Sobre essa raiva indomável
De motivo e causa inominável
De recusa profunda em sofrer,
Se é algo se não se pode ler,
Ainda que em versos possa tentar
Sentimentos tais abreviar
E que em vão tento sondar
Em mar de palavras inavegavel
Em som de sinfonia não cantavel
Como posso em poema versar
Esse nada que tão lentamente
Aos poucos e tão latente
Em mim passa a habitar
Sem nem ao menos hesitar.
De vazio faz seu abrigo
Chamando para morar consigo
Rompendo e dividindo comigo
O vórtice que nasce fluente
De vazio e escuridão crescente
Como por ajuda clamar
Se não posso quiçá entender
O que faz esse nada crescer
Com a voz que só faz calar
Com a dor que só faz chamar
Por aquilo que já não tem nome
Por amor que não aparece nem some
Por eterna e insaciável fome
Pela angústia que se faz sem querer
Pela vida que se desfaz no sofrer
[Fernando Minighiti] [04.03.19] [19h16]
domingo, 31 de março de 2019
San Vatentín
Dois homens se beijam na sacada
Vejo aqui do décimo andar
Lá em baixo, tudo tão igual.
Aqui, tudo tão distinto.
Tropeço na via, palavras escapam
Impessoal, um estranho sem ninho.
Caminhando entre delicias e belezas,
Obeliscos de almas mudas.
Mas lá do alto,
Da montanha secular,
O silêncio abrasador.
O nada no tudo
Dissolvo em amar
Dissolvo de dor.
[Fernando M Minighiti] [15.02.19] [00:42] (CL)
Vejo aqui do décimo andar
Lá em baixo, tudo tão igual.
Aqui, tudo tão distinto.
Tropeço na via, palavras escapam
Impessoal, um estranho sem ninho.
Caminhando entre delicias e belezas,
Obeliscos de almas mudas.
Mas lá do alto,
Da montanha secular,
O silêncio abrasador.
O nada no tudo
Dissolvo em amar
Dissolvo de dor.
[Fernando M Minighiti] [15.02.19] [00:42] (CL)
Assinar:
Comentários (Atom)