segunda-feira, 21 de maio de 2018

Temporais

Abre as asas do penar
e voa sobre a vasta incompreensão.
Transpassa da noite o pálido luar
que do lado negro se vê o coração.

Sonha com mar livre, revolto,
canção de fúria sentimental.
Flutua em teu lamaçal roto,
apático, resignado em desgraça tal.

Em anseios longínquos,
derrama teus sonhos líquidos,
evaporado em céus há muito ultrajados.

E serve-se do santo temporal,
do gosto amargo do delírio bestial
de sonhos que morreram desatinados.

[Fernando M. Minighiti][07.05.18][23:26]