Agulha no palheiro
Tudo aquilo que fui
tudo aquilo que jamais serei.
Transpassado pela lança
Funeral da esperança
Tudo o que tive
e nunca mais terei.
O que te tornaste?
O sangue que se derrama
Acalenta a criança.
Não traz vida àquele
que já foi quebrado.
No amor, um santuário
Invadido, queimado, estuprado
Traído por aquilo
a que um dia me uni.
O que me tornei?
Voe alto, incendiado, libertado.
Alcance a estrela, enterra-me com tua pólvora.
Eu não posso chorar, pois segui os meus passos.
Eu não posso vencer, pois não há mais nada a perder.
Acorrentado, flagelado, mutilado.
Criança solitária, abrace o seu arco.
Atire ao léu, caia com seu malfeitor.
Atire ao léu, traga a morte àquele que te matou.
[Fernando M. Minighiti][13.12.15][16:44]