sábado, 25 de abril de 2015

Minimalismo

Ser feliz é ser so
                            zi
                                 nho.
e não precisar de 
ninguém.
Ser seu próprio amigo e amente
e, por que não, i
                     ni
                mi
         go?

Eu não preciso de 
ninguém
e minha existência finda 
                                        em
                                                mim.
Ao acreditar no divino ou profano
abraçamos o sofrimento sem
                                                   F
                                           I
                                 M
                          ...

[Fernando M. Minighiti][25.04.2015][1:35]




terça-feira, 7 de abril de 2015

Loucuras

Eu vivo no fio da navalha que faz a minha barba
que arranca pelo por pelo e corta poro por poro
que desliza e faz chorar o sangue rubro e imundo
como uma chaga que explode em pus rubro e fedorento.

Sou nebuloso como o amanhecer sem sol,
como a fumaça do meu cigarro
e o jovem câncer que se forma no meu pulmão direito
por que eu não sou direito e não preciso dele - do câncer ou do pulmão.

Me agarro ao passado como uma sanguessuga medieval
e agora solto e vejo que meus dentes estão podres tamanha a formça
e mesmo que ele se vá, a marca sempre estará aqui na gengiva
como a de um idoso desdentado, cansado

Cansado de lutar, guerrear e errar
Lutar guerrear e falhar
lutar guerrear e perder os dentes, a compostura, a razão, a alegria
Alguém hasteie a bandeira branca e encardida dessa paz de mentira!

Porque ela não existe, é uma ilusão
e é isso que eu sou, uma projeção
de um conceito inexistente que brilha sobre cicatrizes
e jogos de versos que disfarçam meu sorriso desdentado.

Eu sou dos leitores o mais mesquinho
aquele que se esconde em palavras e poemas errados como os que vos narro
sem rima sem métrica e sem beleza
e ai se não gostar, eu faço o diabo a quatro.

Grito, esperneio, choro, escondo, mascaro
por que meu demônio é o demônio meu
e eu já não sei dissociar esse lado errado
que já se tornou o lado certo, mas que ainda chora por ser um diabo

Eu enfeito meu rosto, me escondo, me amarro
eu chamo atenção e não ouve não ver, não dar um abraço
daqueles apertados só para ter a merca dos braços marcados em sangue
nas minhas costas suadas e velhas.

O que foi? O suor te incomoda?
Não vou trocar de roupa, por que é por dentro que estou impuro
Eu sou um canalha que nasceu e morreu e nasceu até a lágrima secar
até que não conseguisse mais suportar e esconder, e guardar e gritar:

"Me livrem do que eu sou!
arranquem-me de mim e me criem do zero,
me moldem e me cortem e me rasurem
me desenhem, apaguem, rabisquem, corrijam,
me coloquem no começo como uma folha em branco

até que eu seja a ventania que segue adiante."
Porque é isso que eu sou
um pouco de alegria e um pouco de espanto
um andarilho errante que viaja os sete cantos em busca de um nascer de sol menos nebuloso.

[Fernando M. Minighiti][07.04.2015][00:26]